(Tu és)
Tu és...
Tão somente és.
A imponência, o pináculo natural.
O píncaro do que se possa ser.
Tu és aquilo que nos apetece a manter-se em vós.
Vossa onisciência lidima.
Parece não haver senilidade em teu fardo.
A vossa natural e irônica complacência, Temerosa, porém funcional.
Obstante, causadora ou apenas observadora,
De inatismos e também manifestações eólicas.
Que suscitam sensações oníricas.
Ora onerosa, ora necessária e até jocosa.
Não se trata de algo epifânico, dizer sublimado é muito pouco.
Deuses e mártires se valem do teu tempo, da tua glória.
Más não te manifestas mesmo assim, não te importas com relação a isto.
Tu és...
Indubitavelmente és... Apenas... Por Ser.
Percebo não ser fácil uma analise aquém, somente, algures.
Eu, Em minha humilde estada em teu permeio, observo atrevido.
Pois, estando por completo em teu estado vivido,
E perceptível uma percepção duma amalgamação de valores,
De uma agregação de sentimentos múltiplos...
Que pairam.
A tua presença por si só, és promulgada.
A tua ubiquidade, és incógnita.
Uma maravilhosa incógnita.
Da qual coloca-nos em situações,
Que ora exaspera, ora é um enfaro e até ojeriza.
De forma que nos permitimos a observar, situações pérfidas, disformes,
E também, situações tão belas, que nossos pecadores olhos,
Atrevem-se a enxergar.
E se pecado for, enxergar de belo, o que existe em ti,
Que a salvação então, demore a vir.
Por fim, existe a necessidade de um adorno, assim.
Para então acalantar a dor, diante de tamanho labor.
Mesmo porque, a maldade se encontra na natureza humana,
E esta se manifesta de várias formas, porém,
Os males podem servir para aperfeiçoar.
Mesmo porque, são as imperfeições das pessoas,
Que as tornam perfeitas.
Pois tu és...
O quão és...
E em permeio a tu convives o que há,
Tolos, servos, quiçá, letrados e desalumiados.
Coisas que o manterão por toda uma vida,
Intensidades execradas e não reconhecidas.
O todo está vivo e vivo como jamais se pode estar.
Vive como as lembranças, que agora me chegam.
Chegam para compreender e enunciar,
Que há caminho a caminhar.
Sinto-me fragilizado e esgotado,
Talvez fosse necessário, neste momento assim estar.
O quão aprazível seria, sentir-me adornado,
Porém com o coração se dissipando em tinta no papel,
Como poderia eu, tal coisa ignorar.
Á finitude um dia chegara, isto é fato.
E assim em outrora nos separará, de fato.
Nada tenho de valor a deixar, senão, o que de mais apreço em mim há.
Deixo palavras, tão somente palavras.
O sentimento vivo.
Capaz de reformar, capaz de deformar.
Donde agora daqui, em um estado póstumo,
Sinto-me a vontade, para sorrir envaidecido.
Pois a morte está bem viva,
Nada compassiva hás de permear.
Escrava do fado, inflado,
Que ora e outra morrerá.
Levando contigo um corpo para brincar.
Enquanto tu VIDA...
Assaz viva,
Vives a vivificar.
E para todo o sempre, perdurará.
Pois, tu és e sempre será,
O que de melhor, há.
Luiz Carlos
Lucas Mirati