Aquele sujeito

Não existe paz dentro daquele sujeito. A verdade é que entre um gole e outro de cerveja ele suspira e se lamenta de coisas que não fez. Ou de seus excessos no passado.

Afora os resmungos e os diálogos silenciosos em sua cabeça, ele podia ser uma pessoa perfeitamente normal. Já faz muito tempo que paz não faz parte de sua realidade. É algo tão inacessível quanto os carros nas concessionárias de veículos, ou as televisões de LCD e computadores de última geração atrás das vidraças no shopping.

Ele não faz questão de nada daquilo. Mas daria todo o seu parco salário em troca de um pouco de paz.

Daria pra perceber tudo isso olhando nos olhos do sujeito, pelo menos se alguém olhasse lá no fundo com interesse.

Mas ele não fala sobre assunto e ninguém quer saber dos problemas de ninguém hoje em dia. As pessoas estão muito ocupadas com as cabeças enfiadas nas próprias privadas para dar atenção ao que falta ou não falta na vida dos outros.

Ninguém sabe que o sujeito só queria um pouco de silêncio. Uma noite sem sonhar, ou um dia sem pensar repetidamente em coisas fora de seu controle... como a afeição de uma mulher em particular. De uma mulher diferente de todas as outras que entraram e saíram de sua vida. A paz do sujeito lhe deixou depois que ela foi embora com os ventos do mês de agosto e deixou-lhe apenas desgosto e toda aquela amargura silenciosa.

R.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 31/10/2014
Reeditado em 31/10/2014
Código do texto: T5017975
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