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Prosopopeia X X V I



“Dúvidas de Riobaldo”


Aí de ti Riobaldo por sofrer tanto assim...
Vai Riobaldo declare-se à sua Diadorin.

Impossível, pois sempre foi tão irascível,
Incoercível vestida de homem é sofrível.

Bem me quer as pétalas do mal me quer
Vem se me quer, seu cheiro é de mulher.

Traço do rosto, delicado  um desenho faço,
Abraço, corpo franzino, rígido como aço.

Flor, Diadorin perfeita todo feita de amor,
Dor... Diadorin é mau, Diadorin é matador.

Antonio ou Diadorin leva a um manicômio,
Demônio dá-me força contra este hormônio.

Reverbero sua luz me diz o que não é vero,
Espero e eu grito que amo, mas não quero.

Perdida, mulher por que é assim tão fingida?
Despida, linda dê-me a morte e lhe dê vida.

Morrer... Me mate para acabar o meu querer,
Dever, morro eu, pois, Diadorin precisa viver.

Calor me dê à nudez de uma Diadorin em flor,
Senhor, então me faça entender este meu amor.



 
Relendo grandes Sertões Veredas do mágico Guimarães Rosa fico imaginando as dúvidas e sofrimentos de Riobaldo tentando entender um sentimento louco e para ele sertanejo duro e afeito a todo tipo de sofrimento físico de repente se ver apaixonado por um soldado e companheiro de profissão vivendo uma paixão impossível. O jeito é fazer uma prosopopeia e desistir de conjeturar.
Trovador das Alterosas
Enviado por Trovador das Alterosas em 27/10/2014
Reeditado em 27/10/2014
Código do texto: T5013757
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