Aceitação
Já há algum tempo eu vinha procurando um sentido e um motivo para me levantar da cama de manhã. Revirando coisas velhas, malas e gavetas e não achado nada... com aquela sensação de estar procurando no lugar errado.
Enfiando a cabeça embaixo do travesseiro e tentado fugir do mundo e de uma verdade fatal, que eu tentei de todas as formas desacreditar.
Eu sou dela. Mesmo que estejamos distanciados, mesmo que tenha tudo dado errado.
Sou dela do momento em que me acordo, até quando caio no sono, e mesmo durante ele.
Eu fui dela, desde que sua imagem tocou meus olhos, numa noite de novembro
perdida na memória. Nada pôde mudar isso. Nem as lágrimas, nem as feridas, nem as palavras duras que trocamos.
Recuperei uma certa medida de paz com a aceitação dos fatos. Paz que nunca tive na negação,
no rancor do meu exílio. Recuperei a paz nos braços dela, nos breves momentos em que dividimos, no meio da confusão de nossas vidas.
Encontrei nela um pouco de mim mesmo...
que tinha certeza que havia perdido em algum lugar,
no tempo e no espaço.