Outros tempos ( engenhos de açúcar)
Como tenho tentado escrever algo para mim mesmo!
A grande nuvem descarrega sua sombra sobre mim,
a grande nuvem carregada que involuntariamente se dissipa salpicando de listras a alfândega.
Gotejam os dias e as noites sobre o silencio dos telhados,
sobre as velhas casas abandonadas, sobre esses engenhos ruídos...
Sobre os sobrados que ainda encantam mesmo vazios,
sem a pressa das cidades grandes!
Os ventos choram e nos fazem ouvir seu lamento.
O mato duro o capim estirado pela estrada deserta.
As usinas de açúcar e álcool, entre ruinas da própria solidez.
Um grito incontido dos zincos dos telhados.
Uma ferida crua na ferrugem das maquinas.
Quantas foram às horas que se gastaram já, nestas labutas dos homens e dos ferros?
Entre vapores escaldantes e dores amassadas pelos dias!
Fico de longe posto em desassossego!
Mesmo quem passe por aqui a de dizer, que o tempo adormeceu estes céus!
A quem fale dos dias em que o açúcar adoçava a vida.
A quem passe por aqui e não olhe para a própria lembrança!
O mato cresceu sobre a soleira envergado, aos ventos que sopram sem parar.
Fundos os mesmos olhos tentam recordar,
expiam quem de longe chega para perguntar sobre outros tempos.
Envolto a nostalgia e a solidão do lugar, penso nos amores que aqui vingaram.
Como poderia ter sido isso noutros tempos?
Quais romances ainda vivem do bom tempo, em que aqui tudo estava em pleno vapor?
Sopra sem querer um vento que me diz...
Que aqui do amor só ficaram os fantasmas!
Os traços dos tempos nos filhos já velhos.
Aqueles que ainda vivem aqui e não conseguiram partir.