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ABC NO RETRATO
A menina que eu fui
Beija, hoje, meu retrato pardo
Com um olhar de espanto
Dando deixa a alguma queixa
Expressando nas linhas do rosto
Feições de estranhamento
Gaguejando umas desculpadas
Hino de pura prece
Irmanando ao dizer a fala
Jactando-se de empáfia
Ladeando a moldura
Mas não acha o que procura
Não que queira com afinco
Outra que ali se esconda
Pois sabe ser de todo inútil
Qualquer semelhança com outrora
Resguardada no semblante
Sabendo que, por instante,
Tem somada à mulher
Ultrapassados os anos
Vida em tudo resguardada
Zelosa tez de pura magia.