TEXTOS INTEGRAIS DO TAL / 2014, SERRINHA E TERRITÓRIO DO SISAL-BA.
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Centro Educacional 30 de Junho Serrinha
Estudante: Thaylane Gleice Santos Silva
Texto: Feliz idade, feliz cidade, felicidade
Desde que nos entendemos por gente somos contagiados pela famosa frase “Então viveram felizes para sempre” e desde então vivemos em continua busca pela felicidade e não é raro pararmos e perguntarmos onde ela se esconde e por que ela tanto foge quando é procurada.
Felicidade não é um tempo ou alguém, felicidade é um lugar, um lugar no nada, mas tão palpável quanto qualquer caneta que faz as cartas de amor. Ao longo da vida cada um almeja ao seu próprio modo esse lugar e sonha com o tempo de poder saber como chegar lá. Simples não é? Na verdade não.
Ela, definitivamente, não é o sorriso que não some, o rosto que nunca se enruga, o coração que jamais sente medo, nem se parece com uma chama que só cresce. Não é encontrada no carro zero, no apartamento de luxo ou no corpo perfeito. Ela é o bom ânimo que supera a aflição. O abraço que nos consola na dor. A risada num dia difícil. O café depois do expediente. O inesperado pedido de perdão. Um colo onde nos apoiar. Saber que mesmo quando rio, você ainda pode se tornar mar. O alívio de saber que as preocupações foram vãs, porque o pior não aconteceu. Saber que viver é se entregar. O afago no momento difícil.
Felicidade é encontrar alguém com quem queiramos e decidamos ter ao lado, mesmo quando ela nos magoa. Felicidade é desapegar-se da necessidade de que tudo dê certo e acertar o egoísmo na cabeça, até ele baixar a bola e parar de atrapalhar o trabalho da compaixão. Felicidade é o que não sabemos definir muito bem, mas não podemos negar sua existência. Felicidade é terminar o dia sem querer que ele termine, porque vivemos cada minuto com verdade e força e desejamos manter esta luz acesa. Felicidade é escolher aceitar as situações impostas pela vida e enfrentá-las com fé e cabeça erguida. Felicidade é não precisar tirar ninguém do pensamento para sentir alegria na alma. Felicidade é ter paz com todos e fazer tudo o que é possível para que tantos outros tenham paz. É ser um resgate, uma esperança, um sinal de que o que falta um dia será abundante no outro. Felicidade é gostar mais do hoje do que do ontem. Felicidade é perder sem se tornar um perdedor. É ser vencedor não obstante de toda a sua dor. É levantar a cabeça e olhar para o sol de um novo dia e ter forças para recomeçar. Felicidade não é simples, mas precisamos ser simples para apreciá-la.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Cesar Borges Valente
Estudante: Emily Jordana Araújo Oliveira Barbosa
Texto: Inaugural
Apaixonei-me...
Pela sanidade louca dos anfitriões
Pela janela aberta para o sol entrar
E pelo ninho dos tico-ticos...
Fiquei traumatizada com a onda
De contração epitelial!
Meus sentidos afloraram-se,
Voaram,
Pararam.
Eu tinha doze anos...
Descobri o tesouro deveras proibido,
Roubei água,
Colar de continhas
E servi café requentado
Com biscoitos
Para as estrelas.
Lancei todo o meu fel a tu,
Ganhei confiança e
Penumbra
Passei pelo baticum
Dos segundos
Como quem anda nas nuvens...
Comprei um par de sapatos
Ganhei o prêmio da lua
De quem conjuga no passado
E se faz fingir...
Que ama.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Dr. Jairo Azzi Lamarão
Estudante: Ícaro de Araújo Juriti
Texto: Eterno Casulo
Mudando
Eu estou mudando
Eu, e todos ao meu redor
Simplesmente mudando
Errando
Na bifurcação, o caminho esquerdo tomando
Mesmo a direita sendo a correta
E sabendo
No exame, um x na letra “d”
Mas deveria ser na “c”
Em cada espinha
Uma luta perdida
E uma história a ser contada
Em cada marca
Um vexame, uma humilhação
Uma em um milhão
Seguindo
No meio do caminho, caindo
Depois reerguido
E mais uma vez, caindo
Trocando
Em cada dia, uma pele diferente
Iguais às serpentes
Visitando tribos diferentes
De casulo em casulo
Se revirando
De cada relógio o toque
Uma diferente metamorfose
De larva à borboleta
Perdendo as asas
De volta à larva
Mudando
Sempre mudando
Até a última respiração
Mudando...
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Deputado Luís Eduardo Magalhães Monte Santo
Estudante: Eduardo Souza da Silva
Texto: Minha Encantada
Oh encantada minha!
Mergulhando neste teu olhar profundo,
Mais profundo que o oceano,
Descobrindo os teus encantos,
Teus matizes coloridos de amor.
Como me agrada o teu sorriso,
Como são belos os teus olhos
Viajo na meiguice do teu corpo contornado
Quero-te desesperadamente em meus braços.
Oh, encantada minha!
Tu és pluma açoitada através do vento
Quando vem com esse teu encanto que fascina
Só a mim pertence, encantada minha, o teu encanto
Como é bom possuir-te por inteiro.
Oh encantada minha!
Não desapareça dos meus sonhos noturnos,
Não vá agora, minha doce menina inocente
Me seca o sono, me vem ansiedade, fico a pensar como será.
Oh minha encantada!
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Durval da Silva Pinto Conceição do Coité
Estudante: Isadora dos Reis Miranda
Texto: VERGONHA OU ORGULHO?
A ditadura é o mais cruel dos exemplos de como a humanidade é malévola para com os outros e para si própria. Ela foi e é, até os dias de hoje, motivo de vergonha e, ao mesmo tempo, orgulho.
Vergonha porque este grupo ditador suplantou na vida de toda a sociedade o horror a desmoralização, a indignação e a injustiça por sobreviver em meio ao caos. Esses militares tiranos tentavam, atrozmente, e de maneira direta, eliminar as forças revoltosas. Alimentavam-se da carnificina atribuída a seus atos disfarçados de “equilíbrio”.
Tal “equilíbrio” que sujava o nome de uma nação poluía os ambientes, as ruas e vilas, os bairros, através do seu instável e, ao mesmo tempo, aniquilador dom de fazer vítimas através de torturas, mortes e desaparecidos que se rebelavam contra sua ideologia catastrófica.
Segundo o site “Acervo da luta contra a Ditadura”, foram mais de 200 mortos neste período; já o site “Desaparecidos políticos” lista 379 nomes de pessoas desaparecidos.
Entretanto o motivo de orgulho foi, principalmente, por causa da luta contra o “terrorismo” nacional. Sua representação de força contrárias ao regime militar foi o então povo massacrado pela desumanização de uma pequena parcela de sua própria gente – pessoas que apoiavam tal “vergonha”. Os torturados da historia foram indivíduos que, embora acobertados, se tornaram os verdadeiros heróis da pátria. Aqueles que doaram suas vidas em nome de um futuro para a nova geração.
Heróis cujas vidas e histórias muito pouco sabemos, porém, reconhecemos que foram esses homens e mulheres corajosos que conseguiram um feito memorável e honroso – conseguiram conquistar com o braço forte um novo pais.
Enfim, apesar de a ditadura ser uma vergonha global, um verdadeiro “show dos horrores” contra a própria nação, houve um lado que nos orgulha pelo simples feito de que somos sementes dos antigos heróis que, por sua vez, entregaram e arriscaram suas vidas em prol da liberdade brasileira concebida com muita luta e ardor.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Hamilton Rios de Araújo Conceição do Coité
Estudantes: Thaís Passos
Texto: Ela
Escrever sobre ela não é fácil
Com ela recordo a infância,
Com ela eu choro,
Desabafo,
Reclamo,
E até elogio!
Sem ela não respiro.
Ao me debruçar sobre ela
Viajo...
Me afogo, morro.
E juro que sofro
Quando me faz sentir
Coisas que vivi.
Estou ansiosa para pronunciar seu nome.
Não sei como chamá-la,
Sorriso?
Lágrima?
Aconchego?
Paz?
Não gosto de dividi-la, mas para o bem de todos...
Juro, você é minha vida:
ESCRITA.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual José Ferreira de Oliveira Conceição do Coité
Estudante: Jorge Vilson Cardoso Junior
Texto: Recordar é viver!
Foi em 05 de julho de 1944, em Cansanção, uma cidade do sertão nordestino da Bahia, que nasci. Terra de gente trabalhadora e guerreira, povo forte, como dissera Euclides da Cunha, em Os Sertões. Mais precisamente, nasci em um belo rancho que antes pertencera a meu maravilhoso pai, o Senhor João Arthur de Jesus.
Daquele rancho alguns fatos me trazem à memória. Um deles são as casas em que moravam. As casas eram de taipas, feitas de palhas de licurizeiros e de barro. Ao fundo dela, improvisávamos um fogão com pedras para cozinharmos nas panelas de barro. Sinto, nostalgicamente, o cheiro esvoaçante da fumaça que exalava por todo o terreiro junto com o tempero suave que minha mãe fazia.
No meu tempo livre nós íamos brincar de pular corda, esconde-esconde, amarelinha... Mas o que eu mais gostava de brincar era de boneca. As minhas bonecas eram feitas de palha e sabugo de milho. Elas eram lindas! Brincávamos até despontar a noite e íamos noite adentro sob a luz dos candeeiros acessos.
Ao raiar do dia, bem de madrugada, sob o canto do galo, nosso pai nos acordava para ajudá-lo na lavoura ou a ajudar a minha mãe, Dona Josefa Maria de Jesus, a preparar o delicioso almoço para o meu pai e para os meus catorze irmãos! Meus irmãos passavam o dia cuidando dos trabalhos do rancho. O meu maior sonho era estudar. Minha mãe me matriculou na escola da fazenda. A escola só tinha uma sala de aula e uma professora. A minha alegria não durou muito, pois meu pai não queria que a gente estudasse. Para ele, só era importante o trabalho. Além do mais, a professora morava longe, na cidade, e por falta de meio de transporte, ela desistiu de nos ensinar. Ainda hoje guardo como lembrança daquela época, o meu livrinho de ABC, que a minha mãe comprou para eu estudar.
Já adolescente, com dezesseis anos de idade, eu fui morar em Queimadas, uma cidade vizinha, para ajudar a minha irmã Ermina. Ela acabara de ter uma filha, a Gabriela. Fui para lá a fim de ajudá-la no seu resguardo. E foi por lá que conheci o Pedro. Ele era um rapaz com boa presença, educado, forte... Seu sorriso maroto me cativou. Pedro era um rapaz disputado por muitas garotas, mas eu, com meu jeito faceiro acabei por cativá-lo e ganhar para mim. Tão logo começamos a namorar, nos casamos.
As coisas por lá estavam ficando difíceis e, em 1970, mudamos para Salgadália, o lugar onde até hoje vivo. Fomos morar na casa que Pedro herdou de seu avô, com quem fora criado desde pequeno. Viemos de trem pela ferrovia Leste. Viajar de trem era o meu sonho de menina. E, na viagem, ficava a contemplar a paisagem marcada pela cor verde da caatinga. Posicionei-me próximo à janela, com a cabeça inclinada sobre o peito de meu amado, e meus três filhos juntos a mim. A felicidade tomara conta de mim, naquele momento, ao sentir o frescor do vento bater em minha face e uma sensação de liberdade adentrar em minha alma. Com o vai e vem dos vagões do trem adormeci. Acordei sobre o apito estridente do trem e já estava em Salgadália. Ao chegar lá, algo me chamou a atenção. Avistei uma casa enorme, com uma escada grande na frente, com uma porta enorme e duas janelas suntuosas. A “Casa Grande”, como é conhecida. Ela foi a primeira casa daquele porte a ser construída naquela cidade. Era um atrativo para muitos, pois as casas de seus moradores eram todas muito simples. Esta casa abrigava os trabalhadores da Leste, empresa que administrava a ferrovia.
Em Salgadália tive mais dois filhos. Comecei a trabalhar como lavadora de roupas na beira dos tanques, para ajudar na renda da família. Depois passei a trabalhar de lavradora, no campo de sisal, cortando palhas para fazer cordas. Os meus filhos, ainda pequenos, me ajudavam nesse serviço até a noite cair. Os meus filhos mais velhos iam estudar.
Essas boas lembranças me fazem, hoje, já com setenta anos de idade, reviver e revigorar a minha alma. Estou aposentada e tenho o meu Pedro ao meu lado por cinquenta e quatro anos! Com ele pude desfrutar as delícias desse lugar onde vivo.
(Texto construído com base na entrevista feita a Srª Júlia Maria de Jesus, 70 anos, por Jorge Vilson Cardoso Junior, 8° ano).
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Necy Novais São Domingos
Estudante: Iuri Vieira Ursino
Texto: O grito
Espere até que seja anunciado
as forças não foram perdidas por nós
Os cães vão ficar acorrentados!
Envie o chamado.
Chame todas as damas
em suas roupas mais caras
Com suas jóias nos pescoços
e centenas de pérolas entres os dentes
Agora chame os garotos para dentro
com suas peles rachadas de sol
Sol que amamos como a um irmão
enquanto entra pela janela
Dancemos em torno das nossas mentiras contadas
Dancemos em torno dos grandes olhos também
Mesmo louco, dancemos e cantemos!
Vivo nas ruínas de um palácio
dentro dos meus sonhos
mas estamos em times opostos
Jogos os braços para o alto e me aquieto
enquanto todos os pratos se quebram
Há estilhaços sob meus pés
mas não foi minha a culpa
Moro num palácio em ruínas... Livre!
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Olavo Alves Pinto Retirolândia
Estudante: Lorhany dos Santos Santana
Texto: Tudo e todos
Inspiração se busca ou chega de intrometida?
Na produção de um poema, basta-se um dicionário, um papel e um lápis.
Ou uma nota na memória do seu celular.
O chão e um pedaço de giz, ou até mesmo
um graveto e a terra seca no quintal de casa.
Mas sem ela - a inspiração -, minha prima, nada disso vai vingar e render.
Sim, eu aprendi com José de Alencar. Ele é uma inspiração.
Eu poderia aqui falar da corrupção, que assola a antiga colônia portuguesa na América, desde quando a chamavam assim, até os dias de hoje, do Oiapoque ao Chuí. Num lugar - sim, meu lugar -, onde a Ana pede a Unimultiplicidade e expõe a honestidade como Sacanagem.
Eu poderia falar sobre a economia de um país onde o preço deum barril de petróleo ultrapassa a renda mensal de muitas famílias que desejavam saciar a fome, ou sobre um país tropical de beleza natural extraordinária, com mananciais de água doce que abastecem o crescimento de indústrias às suas margens, mas que não abastece o filtro de barro de muita gente, que se encontra seco.
Eu poderia aqui narrar a favor de meu pai, minha tia e meu avô, minha defesa mortal. Mortal sem hipérboles, porque eu morreria por eles, que lutaram às escondidas e à mostra, ao mesmo tempo, mesmo que camuflados em encontros religiosos, a favor de um país com liberdade de expressão. O mesmo país onde Chico pede que tenham a fineza de ‘desinventar’ a tristeza.
Eu poderia falar sobre uma tarde de sábado desinteressada. Daquelas bem clichês. Geralmente nubladas, com a narradora atrás de uma janela, onde de repente começam a escorrer na vidraça os primeiros pingos de chuva.
Mas eu não vou falar sobre isso. Talvez porque eu prefira falar sobre uma tulipa colocada na mesa do centro da sala onde estou agora. Que foi colocada ali com um propósito apenas: o de decorar, mas que pode render um bom poema para quem tem inspiração.
Ou porque eu prefira falar sobre tudo e todos, pelo orgulho de não me contentar com uma narrativa em torno de uma única coisa.
Essa tal inspiração que pode me faltar agora, foi encontrada nos suicídios românticos para as obras de Goethe, nos podres de um país para Zé Ramalho, e na Lapa, para Caetano.
Essa inspiração, minha prima, talvez já tenha chegado sem que eu percebesse. Ou porque ela é, de fato, intrometida, ou porque isso seja apenas um ‘talvez’.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Professora Olgarina P. Pinheiro Conceição do Coité
Estudante: José Asterio.
Texto: O EU NO MUNDO
Dezesseis anos e estudante, precisa pedir à professora para ir ao banheiro, dependente dos pais e que passou a vida em uma cidade do interior que não possui base alguma para suprir toda a ambição de um jovem que mesmo com pouca idade muito sabe sobre a vida, mas pouco conhece sobre o mundo. Não possui experiência o suficiente para tentar decifrar tudo o que somos, e que nem mesmo o mais velho, experiente e maduro ser humano poderá ser capaz de desvendar toda a complexa quantidade de informações contidas em cada um de nós.
Constituído por tantas pessoas, essa extrema imensidão de gente que formam uma multidão de problemas, ideologias, obrigações, compromissos, fome, miséria, alegria e tristeza. Formada por ricos, por pobres, por quem tem e por quem não tem. Em um amontoado de mentiras e verdades. Onde denominam o normal e anormal. Uma grande bagunça, um grande confronto pelo que somos e pelo que queremos ser, pelo que dizem e pelo o que deixam de dizer. Formada por mim, por você e esse seu olhar atento tentando entender o porquê do uso de tantas palavras nessa tentativa frenética de explicar e desvendar toda essa diversificação de ‘Eus’ existentes nesse mundo.
Somos um conjunto de sentimentos, de experiências e de opiniões que nos permitem descobrir e nutrir o que acreditamos. Julgamos, apontamos o dedo e em diversos casos achamos que temos o direito de distinguir o que é certo e o que é errado baseado na nossa suposta verdade em uma sociedade tão pluralizada. Somos bilhões de singulares ‘Eus’, que em conjunto formamos um Nós diversificado. É necessário acima de tudo o respeito mútuo, mesmo que as diferenças estejam sempre presente.
Em meio a tanto contraste, nessa tentativa constante de explorar o que somos, devemos primeiramente descobrir a nós mesmos em meio a tantos. Podem ser feitos textos gigantes, com milhares de palavras desconhecidas que possuem significados complexos do qual nada entenderemos, porém tal esforço será em vão caso não tenhamos o conhecimento necessário para descobrirmos onde o nosso Eu se encaixa em nosso mundo. Para conhecermos o que está em nossa volta, é necessário que tenhamos plena consciência do que somos. É necessário, antes de qualquer coisa, conhecermos o nosso próprio Eu.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Rubem Carneiro Nordestina
Estudante: Luan Mendes
Texto: Inflamável
Olhe em volta.
O que você tem agora,
Acabou de dizer oi,
Mas daqui a pouco vai embora.
A esperança é uma estrada.
Sabemos o que há no fim,
Mas o que importa é a jornada
E seguimos mesmo assim.
Estrada é uma mentira
Que nós contamos como piada.
No final de nossa vida
Não encontramos nada.
Aquilo que nos é dado
Foge com a mesma velocidade.
Muitas vezes somos derrubados
Correndo atrás da felicidade
A felicidade é uma chama
Sua fumaça são os traumas
Que nos visita na cama
Enquanto vivos, somos cinza e alma.
Alma penada buscando nada
Ou a cura que queremos
Para nossas feridas mundanas
Para cada um dos nossos dramas
O que já foi nossa alegria
Hoje é motivo da minha dor
Que a minha voz sufocou
Minhas lagrimas caem em melodia.
Talvez a dor seja necessária
Para nos lembrar de que estamos vivos
Talvez ela não seja adversária
Talvez nós possamos ser amigos.
Estamos trancados a cadeado
Dentro dos nossos problemas
Nos passa despercebido que ao lado
A situação é mais extrema.
Não vou deixar de sofrer
Se quebrar seu coração
Alguns não têm o que comer
Ainda assim desperdiça o “feijão”
Talvez eu sofra com você
E aproveite a situação.
Mas me sinto diferente
Vivo nessa vida defunta
Não quero ser feliz para sempre
Quero ser feliz para nunca.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Rubem Nogueira Serrinha
Estudante: Maria Raquel de Carvalho Cardoso
Texto: Congresso literário da poesia no céu
Somos nascidos e criados
Num cenário encantado
Onde da poeira e do chão
Aprendemos a viver, as coisas do SERTÃO.
Aqui, neste precioso chão
Aos avós, aprendemos a tomar a benção
E no escuro, ao céu fazer oração
Pedindo aos anjos, saúde, paz e proteção.
Aprendemos também, leitura, escrita e contar
Amar a leitura e as letras cultivar
Encantando nossos olhos e coração
Com as palavras da imaginação
Nossas avós e professoras, grandes educadoras
Mas uma prozinha, em especial, nos mostrou
Os lindos textos, que deste Sertão brotou
A um paraibano, ilustre e engraçado, nos apresentou
Fazendo versos encantados, o sertão ele cantou!
Em seus versos certeiros
Falou do nosso povo com emoção
Cantando com a força da literatura
As dores, cores de uma grande arquitetura
Que floresceu neste imenso SERTÃO.
Falou de modo singelo e eficiente
Da nossa vasta cultura e tradição
Levando as nossas coisas, para outra dimensão
Esse honrado filho, de nome SUASSUNA
Cumpriu na Terra, sua missão.
Seguiu a cantiga da alegria
Ao céu foi chamado!
Pelos anjos todos conclamado
Patrono do I congresso literário da Poesia!
E de lá do alto, no topo do céu, sinfonia
Todos os anjos cantam sua maestria
Acolheram este poeta-cantador-escritor
Celebrando a Festa celestial da poesia
Recitando versos entre anjos e serafins
Tantos versos belos e poemas afins
Grande Sarau literário com sabedoria
Versos simples de um poeta encantador
Seus versos proferidos em ondas de magia
Ecoam na Terra, como cantigas de amor!
Vasto legado, ARIANO nos deixou
Assim, a saudade aperta o peito
Mas contra o destino não tem jeito
Só nos resta, seus poemas cultivar
Sua obra imensa, larga e sem fim
Teatro, romances, livros... retratos de sua itinerância
Ficam nas nossa lembranças
De um SUASSSUNA, quem era ARIANO
E que, tristemente, se despediu de nós este ANO.
Da vida aqui traçada em poesia
Retratar a vida do Nordeste, seu destino
Celebrando a força do povo nordestino
Fecundando as letras com notas de alegria
E com seus versos alegres e coloridos
Matizando com cores da fé e da tradição
Poetizou sobre um povo alegre, valente e sofrido
Falou para o mundo deste nosso lugar, chamado SERTÃO!
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual São Sebastião Quijingue
Estudante: Queila Mayne Jesus Santos
Texto: Vi, ouvi e chorei
Começo a ouvir coisas
Que nem mesma acredito
Penso que estou louca
Por estar vivendo isto
Se choro é por que sinto
Sinto mais do que podem imaginar
A dor é tão grande
Que até chega a me sufocar
Sinto meu corpo pesado
Chego a pensar que não estou aqui
A tristeza é tão profunda
Que toma conta de mim
A solidão é um descontento da alma
Acredito que sim!
Às vezes me sinto só
Mas sei que muitos olham por mim
Vi, ouvi e chorei...
Vi coisas que não queria ver
Ouvi coisas que não pude entender
E chorei ao tentar me defender
A vida nem sempre é tão fácil
Mas nem por isso eu devo desistir
Uma voz me diz lá no fundo
Que eu devo prosseguir
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Wilson Lins Valente
Estudante: Thaine Lima
Texto: Vieras de tão longe
Aqui fez sua morada
Resistiu ao árido solo
Como se já fosse casa
Mas de fato já parecia ser acostumada.
De vez em vez se protege
Se murcha
Finge-se de morta
À espera da próxima garoa
Da próxima nuvem que aproxime o tempo frio
E do nada, como se fosse nada
Desse povo se torna outra vez tudo
Um mundo, um verde escuro
Um fio de esperança
Esperança amarela como o ouro.
Ouro nordestino
Vindo do México
Uma viagem intercontinental
Vinda como Agave Sisalana
Carinhosamente apelidada de Sisal.
A cada volta da máquina
Mais alguns centímetros de esperança
Um caminhão sai da indústria
E parte para o mundo
E faz sua história.
E levam a planta
O agave mexicano
Que por mais que não queiram
E que digam que não
Ela pertence a nós, os baianos.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual João Durval Carneiro
Estudante: Elisane Azevedo dos Santos
Texto: Vagalumes dançantes
Dançarinos brilhantes,
Que ouvem a música da lua,
E seguem a coreografia das estrelas...
Pontinhos confusos,
Luzes apressadas,
Desejando encantar planetas perdidos nos espaço.
Seguindo a Sintonia muda da lua,
Fazem uma festa na noite...
Anjos dançantes...
À noite no meu quarto
Que medo! Ao vê-lo brilhar
Anjos dançantes,
Dançarinos brilhantes...
Vagalumes dançarinos,
Que ouvem uma música que não se escuta e bailam uma dança sem passos...
Anjos dançantes, à noite no meu quarto.
2º ENCONTRO REGIONAL DE ARTE E CULTURA ESTUDANTIL - TODOS PELA ESCOLA
PROJETO: Tempos de Arte Literária – TAL
UEE: Colégio Estadual Luís Eduardo Magalhães Tucano
Estudante: Barbara Mascarenhas Rodrigues
Texto: O duelo
Agora eu vou contar
Um fato muito engraçado
Da confusão que arrumou
Um soldado com delegado
O delegado não era lá essas coisas
Mas se achava um gatão
O soldado era um galã
Desses de televisão
A moça muito bonita
Casada com delegado
Se encantou profundamente
Com aquele novo soldado
Quem não se encantaria
Com aqueles olhos da cor do céu
Aquele sorriso de neve
E o beijo com gosto de mel
Um dia passando na rua
Avistou uma guarnição
Com um vestidinho curto
Atiçava a paixão
O soldado não resistiu
E um psiu ele soltou
O delegado viu
E de raiva quase enfartou
“Você perdeu o juízo
Seu cabra descarado
Mexendo na mulher dos outros
E ainda de cabra retado”
“Acho que quem perdeu o juízo
Foi o senhor delegado
Quer levar um tapas
Me chamando de descarado”
“Pois fique você sabendo
Que essa é minha princesa
Espero que tenha escutado
E entendido com clareza”
A seu delegado
A sua mulher é aquela
Mas não tinha placa escrita
Nem seu nome nela
Pare de brincadeira
Seu soldado atrevido
Que ta mim faltando pouco
Para eu estourar seu ouvidos
Já começou a ofender
E minha valentia é do tamanho de um castelo
Eu desafio o senhor
A me enfrentar num duelo
O dono da funerária
Antes de um cair no chão
Já tava medindo os moço
Para fazer o caixão
O coveiro não acreditou
Da luta queria uma prova
Fazia mais de 30 anos
Que ele não cavava uma cova
A dona da loja de roupa
Coma moça foi falar
Trazia uma mata
Cheia de vestido preto
Para ela experimentar
O delegado pediu um tempo
Para a arma arrumar
O soldado nem um pingo
Achava que ia ganhar
O dono da budega
Que não sabia nem contar
Era o juiz
Que mandou se preparar
Chegou a hora final
Tomaram a posição
Um de costa pro outro
Veja só que confusão
Agora meus amigos
E povo dessa cidade
Convido o velho e o novo
E toda comunidade
Para ver uma porca o rabo torcer
No duelo de dois policiais
Que não tem o que fazer
Os dois com o bêbado
Começaram a pegar ar
Reclamaram muito
Pro duelo começar
Pois então tudo certo
Se vocês querem brigar
As regras do duelo
Eu vou explicar
Um de costas pro outro
5 passos vão dar
E quando eu disser valendo
Podem se virar e quem for mais rápido
O duelo vai ganhar
Mas na estrada bem perto
Chegava uma guarnição
Quem vinha lá dentro ?
Um temido capitão
Que nem imaginava
O tamanho da confusão
E começou a contagem
O soldado se apertou
O delegado tremeu
O sino tocou
Até o sol se escondeu
O bêbado gritou valendo
E o chumbo comeu
O soldado teve medo
O delegado a arma sacou
O soldado tentou correr
Mas numa pedra tropeçou
Tava com a arma na mão
E essa disparou
O povo saiu correndo
Não ficou ninguém na área
O delegado deu outro tiro
Raspou no dono da funerária
O tiro do soldado
Dento de um bairro entrou
Estourou duas garrafas
Por dentro da saia de uma velha passou
Essa saiu correndo nem a porta enxergou
Pulou uma janela a
A saia num prego enganchou
O tecido era frágil
Uma banda rasgou
Correndo pela rua
Um cachorro tropeçou
Antes de cair no chão
Uma possa de lama
Derrubou o capitão
Aquele que vinha chegando
Antes dessa confusão
Todo enlameado
Se levantou do chão
E nem acreditava
Naquela situação
Chamou o soldado
Que muito cansado chegou
Só com uma bota no pé
Da carreira que levou
O delegado chegou também
Não estava tão estragado
Mas com a cabeça doendo
Seu chifre era pesado
“Vocês ficaram loucos
Perguntou o capitão
Vocês são é pra acabar
Não pra começar confusão”
O delegado envergonhado
Tentou se explicar
O soldado de tão cansado
Nem aguentava falar
Mas tinha que ter alguém
Para a história contar
Eis que surge um bêbado
Que assistiu a tudo
Desses bêbados malandro
Com fama de vagabundo
Com licença Dr. Policial
Que a história eu vou contar
Porque esses dois abestalhados
Tentaram se matar
Mas antes que o bêbado
Começasse a falar
A causa do problema
Resolveu se apresentar
A mulher do delegado
No local chegou
E o capitão por ela
Perdidamente se apaixonou
O bêbado já escaldado
Foi que ninguém viu a hora
Já vi que vai começar
De novo a mesma história
E antes que eu leve tiro
Da cidade vou me embora
Acho que esta história
Já deu o que tinha que dar
E para não emcumpridar muito
O final eu vou contar
O delegado ficou sozinho
O soldado nada arrumou
Findaram virando amigo
O que ninguém acreditou
A moça motivo da briga
O capitão levou
E ela que não era besta
Com ele se casou
Nem se lembra do delegado
Que por ela um dia brigou
Cada panela tem uma tampa
A sua vai aparecer
Dê somente o seu amor
A quem ele merecer
Quando achar a pessoa certa
Ame e lhe dê carinho
Não largue na primeira briga
Porque não há flor sem espinho
Zele do seu amor
Se não quiser ficar sozinho