AVESSO (apenas um exercício)
"_Eu não amo você!"
Perdoe-me mas...não.
(...)
Soa anti-natural,
cacofonia inata
que não se revela
por não ser aprendida.
Esta expressão de
sensibilidade torta
é posta sob tapetes.
(seria rodrigueana?):
"_ Eu não amo sua fala,
seu sono ruidoso,
seu corpo imperfeito,
seu olhar prático.
Eu não amo seus sonhos,
seus frívolos objetos de desejo.
Eu não amo sua vida em preto e branco.
Eu não amo seu diálogo com o mundo.
Eu não amo suas preferências
sonoras,
alimentares,
filosóficas,
sexuais,
estéticas.
A sua cor favorita não me agrada.
Suas manias não me comovem.
Suas mãos não despertam meus sentidos.
Eu não amo o SEU AMAR.
Não amo seus beijos.
Seu prazer me é indiferente.
Seu jeito de segurar os talheres,
o riso,
as banalidades que,
tantas vezes,
encantam...
Se seus, não amo.
Os seus olhos e olhares não sigo,
não quero abrir seus livros,
não quero "fuçar" sua caixa de memórias,
não quero contar meu dia.
Eu não vejo,
nas nuvens,
as mesmas imagens que você.
Não quero dividir meu banho,
meus lençóis,
meu silêncio.
Para que eu o ame,
precisaria reinventá-lo.
Embutir uma lente de
não-realidade.
Eu, definitivamente,
não amo você.
Pedi perdão por cortesia,
não me sinto culpada."