De grão em grão [12]
O amor é assim mesmo: uma relação de amor e ódio. Amor que não tem momentos de ódio não é amor verdadeiro.
Os momentos de ódio se revezam. Às vezes, é o ódio pela pessoa amada, por algum motivo bobo ou mesmo por decepções naturais. Em outras, o ódio é por si próprio, por amar demais, querer demais, perder-se demasiadamente.
O amor é amargo, ardido, apimentado, por vezes quase insuportável. O ódio, o ciúme, a saudade são os temperos do amor. Mas nenhuma comida pode ser condimentada demais...
O amor é sofrido, não tem jeito. Parece até uma maldição, um castigo dos deuses, como se os humanos não merecessem o amor recíproco. Mas não é isso não. Como tudo na vida que é bom e correto, dá trabalho, custa caro e deve ser construído ao longo do tempo.
Quem não desiste, ou que resiste bravamente a quaisquer provações do coração, é agraciado pelo maior prêmio que a vida pode oferecer: um amor puro e verdadeiro, incorruptível pelo tempo, por deduções equivocadas ou por forças externas.
[Cara Olívia, agradeço muitíssimo pelos seus frequentes comentários, tão gentis e enriquecedores! Estes feedbacks são para mim muito importantes e encorajadores! Fazem com que os grãos literários continuem caindo desta ampulheta da vida... Também adoro a citação do Ricardo Reis e roubei a do Monteiro Lobato para usar em algum grão oportuno. Um grande abraço! Hélio]