De grão em grão [11]
Sou de fases. Já fui de escrever poemas, crônicas, ensaios, haikais e muita bobeira. Agora me dei a escrever estes “grãos”. Testículos bem curtinhos. Ah, sim, “textículos”. Por essa inconstância, me senti um escritor inconsistente. Mas por que é que eu seria obrigado a escrever num mesmo estilo a vida inteira? Que coisa mais monótona... É tão bom sair da rotina.
Tem um episódio interessante da vida do escritor alemão Goethe, quando ele estava com 80 anos. Um político apontou que o argumento de Goethe diferia da opinião que ele apresentara anteriormente. Com toda tranquilidade, o escritor respondeu: “O quê? Então eu cheguei aos 80 anos simplesmente para pensar as mesmas coisas o tempo todo? Ao contrário, eu faço o máximo para pensar em algo diferente, algo novo, todos os dias, para que não me torne chato. Para não estagnar, é preciso mudar constantemente, regenerar-se, ficar jovem de novo.” (Brasil Seikyo, edição Nº 1333, 26/08/1995)
Mas o que eu observava é que não são só as mulheres que são de fases não. Todo mundo é. As épocas da vida vão mudando, junto vem e vão os sentimentos, pensamentos, amadurecimentos. Tudo passa e tudo muda. Resta saber se é para melhor. Evolução ou decadência.