Sobre "O Olho Arguto" da teoria Monckiana
Luciana Carrero
Digamos que os verdadeiros loucos sejam os psicopatas e portadores de outras psicoses que atingem mortalmente a si proprios e aos outros seres humanos. Mas há muitas gradações de loucura do espírito humano, sobre que não falarei, porque este não é o objetivo, haja vista serem parte de ciência específica, de outra área na qual não sou douta. E já não se considera aqui no contexto, por não pertencerem à alçada aqui proposta. Fala-se, no texto de J.M., sobre a loucura, no sentido de não aderência aos ditames do que se chama razão, na visão abordada, considerando um posicionamento classificado como distanciamento do lugar comum da vida dita normal em sociedade, pensemos assim. A loucura do poeta parece ser o motivo da manifestação de J.M., que, lá no texto apõe as aspas, colocando dúvida sobre a autenticidade desta loucura, ou mesmo querendo afirmar tratar-se, a definição, algo simbólico, previamente e já definida como aceitável, no ofício do escritor ou artista, em sentido mais amplo em que vejo. Porém, esta loucura não atinge necessariamente de forma maléfica a sociedade (em termos, penso, porque a pena , também no sentido amplo (todas as comunicações artísticas) pode criar instâncias devastadoras na alma dos consumidores das artes. Mas não vamos tão fundo aqui, que isto é assunto ou tema para compêndio. No caso, a abordagem é superficial e sem compromisso formal com verdades psíquicas e etcéteras da conjuntura científica. Destarte, vejo esta "loucura", com as aspas, tal como uma visão metafórica (Já que J.M. aprecia tanto as metáforas) - e/ou das artes, em sua totalidade - e até como um "elogio da loucura do poema", aqui entre aspas porque esta é a ideia ampla que tenho quando abordo artes, mais específicamente a poesia, e que dá título ao conjunto dos meus estudos que pretendo levar à edição. Não concordo, por exemplo, mas nem por isso quero suscitar polêmica, com o que leciona J.M., de que a metáfora é essencial na manifestação formal da poesia. Mas entendo que seja a visão pessoal do mestre, na mesma linha de outros tantos, tão respeitáveis como ele, que o antecederam, acompanharam e acompanharão na espiral do tempo. Daí acho que surge a "metáfora", que, no que preconiza J.M., parece ser a "sua" loucura da poesia (leia-se, também em termos, das artes, no que vejo, já que isto não tem estofo de ciência e nem mesmo serve da mesma forma a todas as artes). Mas pode ajudar a entender o que seja a "loucura" do artista, que o articulista apresenta. Na verdade, esta "loucura" é o estranhamento do qual ele mesmo tanto fala, na sua apresentação metafórica que lhe (à loucura) faz jus. Salvo melhor juízo, os textos de Moncks são elucidativos de sua própria razão, e valem para a irmandade (das artes), quem sabe como instigadores, que é meu modo cauteloso de vê-los. J.M., mercê de aprimorados estudos e vivências, chega sempre com ares de fechar questão, nem tanto aqui no texto avaliado "O Olho Arguto", mas no geral da sua obra tutorial. Imagino que deva, do alto do seu esmerado saber, saber que as verdades são relativas, principalmente na arte. Por isso vai colocando o que sabe e tem como verdades, de forma generosa, à coletividade que precisa de tutoriais para entender-se e posicionar-se na missão preciosa da arte personal (que ela sempre o é). Embora chegue com "Olho Arguto", há no universo milhões de olhos argutos que o espreitam. Com isto aumenta, a cada dia, sua responsabilidade. Hoje, no Brasil tão debilitado culturalmente, já não se pode prescindir de abrir portas para os ensinos de J.M., que é um farol a iluminar e que motiva que outros abramos portas para entendê-lo e respeitá-lo; e (abrir) outras portas para a coletividade. Por isso debato com ele, para parcicipar da liberdade do mesmo verão da sua andorinha, já que minha andorinha também anda na igual estação; colaborando com esta estação. Em J.M. não há a vaidade vazia, mas uma salutar, sem a qual não é possível ser artista ou farol de artes. Porque o artista é sempre candidato a ídolo e os faróis sempre brilham. Como não há vaidade, em termos, minha, em muitas vezes contestá-lo e não raras vezes seguí-lo! Mas estou no mundo. Sou apenas “Diógenes”, com a lanterna, porém, se for farol ou ídolo, um dia, não me incomodarei. Apenas faço isto (colocar meu pensamento) para devolver-lhe um pouco do seu instigar e, portanto, reinstigá-lo; e ao mesmo tempo instigar a outros, os quais, por sua vez, me reinstigarão. Assim passará o nosso tempo, para a história. Assim fervilha a nossa loucura da arte. Abraços, caro J.M. (Este texto é só um posicionamento inicial diante da proposta que lhe dou (ao texto), de pronto pronunciamento. Entretanto, será revisado e publicado no "Recanto das Letras") Luciana Carrero, produtora cultural, reg. 3523, Lei de Incentivo à Cultura/SEDAC/RS. - O texto que analiso aqui, "O Olho Arguto" está aqui no "recanto", na página dos tutoriais do escritor Joaquim Moncks.