O Primeiro Livro (The Prime Book) (português/english)

O Primeiro Livro

Prólogo

Sobre todas as coisas que mudam (no interior) com uma jornada.

Porque parte de mim se perde para sempre. Para que eu possa renascer outro.

Sobre o Sol

Descobri alguns dias percorrendo o nada, longe de tudo que me é familiar, que o Sol é grande. Comecei a reverenciá-lo como um deus.

O Sol é luz, e a vida depende dele. Os dias no nada me fizeram perceber o ciclo do Sol, e depender da observação do ciclo para saber quando parar e descansar a salvo. Aprendi a contar as casas do céu e assim entender a duração do dia (livre do código das horas).

A vida tornou-se diferente.

Sobre a Perda

Alguns dias longe de tudo que eu conhecia me fizeram perceber que na verdade não existe lar.

Eu nunca pertenci a lugar algum e meu corpo é livre de fronteiras, mas é escravo da natureza e por isso tenho medo das tempestades e da noite.

(Não me reconheço mais onde durmo)

Sobre a Noite

Fujo da noite, e tenho medo.

No meio do nada, a noite é escura e não se pode dar um passo em segurança.

No meio do nada, eu rezo pela duração do Sol, porque a noite é sombria e cruel. A Lua não pode ser mãe.

Temo o pôr do sol e à noite é impossível seguir caminho, mas eu sigo.

Sobre a Tempestade

No meio do nada, a tempestade é indomável e por isso também tenho medo. A tempestade é a ira da natureza, mas é bela.

Rezei aos deuses para evitar a tempestade, mas as nuvens pretas adentraram as estrelas e o céu ficou confuso.

A noite era escura e os raios iluminavam o nada. Tive medo, mas fiquei calmo, pois assim era a vida.

A chuva não caiu sobre mim, mas eu vi a tempestade. (À noite não consegui dormir)

Sobre o Desapego

No meio do nada tudo que me era familiar se tornou inútil. Nada que eu achei que precisasse foi preciso, e meus hábitos se mostraram inúteis também.

No meio do nada, um jarro de água era mais valioso que todo o ouro, e todas as roupas eram inúteis se não estivesse frio.

No meio do nada, não era preciso banhar-se, pois não havia onde. E eu me sentia bem.

Epílogo

Voltar é sempre uma experiência de reconhecimento

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The Prime Book

Prologue

About all things that change (inside) with a journey.

Because a part of me will be lost forever

For I can reborn another one.

About the Sun

I discovered few days touring nowhere, far from everything that was familiar to me, that the Sun is great. I started to revere him as a god.

The Sun is light, and life depends on him. The days in nowhere made me aware of the cycle of the Sun and depend on the observation of the cycle to know when to rest and be safe. I learned to count the houses of the sky and thus to understand the length of the day (ignoring the system of hours).

Life became different.

About the Loss

Few days away from everything I knew made me realize that there is no home.

I never belonged to anywhere and my body is free of borders but it is slave of nature and this is the reason why I fear storms and the night.

(I do not recognize myself where I sleep anymore)

About the Night

I escape the night and I’m afraid.

In the middle of nowhere, the night is dark and I cannot take a step in safety.

In the middle of nowhere, I pray for the duration of the Sun, because the night is dark and ruthless. The Moon cannot be a mother.

I fear the sunset and at night it is impossible to go ahead, but I follow.

About the Storm

In the middle of nowhere, the storm is indomitable and therefore I’m also afraid. The storm is the wrath of nature, but it’s beautiful.

I prayed for the gods to avoid the storm, but the dark clouds stepped into the stars and the sky turned confused.

The night was dark and thunders illuminated the nowhere. I was scared, but calm, for this was how life was.

The rain did not fall on me, but I saw the storm.

(At night I could not sleep)

About the Detachment

In the middle of nowhere all that was familiar to me became useless. Nothing I thought it was useful was necessary, and my habits also proved fruitless.

In the middle of nowhere, a jug of water was more valuable than gold and all clothes were useless unless there was cold.

In the middle of nowhere, it was not necessary to bathe because there was no where to do it. And I felt good this way.

Epilogue

The return is always an experience of recognition.

David Ceccon
Enviado por David Ceccon em 26/05/2014
Código do texto: T4821447
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