Elogio da Loucura do Poema IV - Repercussão
A poesia é de uma extensão cósmica cuja amplitude se perde e se encontra no infinito. A rigor, não pode ser aprisionada em gaiolas, nem por conceitos e teorias. A liberdade criadora não pode sofrer a censura do método. Ou vira ciência. Os poetas são livres para percorrer os mistérios da inspiração e nisto consiste a magia e até mesmo o sortilégio do bruxo poeta na sua viagem entre o real e o fantástico. Quem me diz isso é o Gabo, no contexto e/ou nas entrelinhas da sua literatura ficcional, cujo princípio é o mesmo para a poesia. Este é o fascínio que descobri, quando tornei-me deus no meu universo de criação e na escolha do exacerbado freestyle que hauri do meu caos. O resto são conjeturas das quais devo preservar-me, apesar de reconhecê-las valiosas para o estudo da arte. Isto porque quero conservar a minha primitiva rudeza e o meu vínculo com o não escolado. Aprecio as manifestações estudiosas do prezado poetinha, com uma admiração extensa e indisível, e delas não posso prescindir, mesmo que seja para não segui-las ou para instigarem-me a pensar e firmar meus conceitos. O valor do seu trabalho é vital para a construção de arcabouços ou arquitetura para a clientela mais sugestionável que chega desorientada nesta sociedade onde todo o mundo é tudo e não é nada ao mesmo tempo. Você tem sido um confrade impagável, do qual absorvo críticas, mesmo que não dirigidas a mim, quando as julgo justas e me servem os chapéus. Mas fico por aí. Caso contrário eu não seria uma livre filosofista, como você, nos caminhos da nossa arte. Nos perderíamos muito se fôssemos soldadinhos de chumbo dos tempos da nossa infância, que hoje já são de plástico ou até mesmo virtuais. Ando no meio desta virtualidade por necessidade do meu ofício, em ânsias de comunicação e tropeço em intrusos que frequentam o mesmo meio. Por isso a minha animosidade e até agressividade, que você já percebeu e comentou, imaginando-as contra a confraria dos legítimos, mas na verdade é contra os pseudo-artistas que transitam nesta seara. Para os "nossos" toda a benevolência e fraternidade. Para os outros, o que fazer, já que parece impossível separar o joio do trigo, e ver tantas nulidades prosperarem? Daí o meu desabafo no "Elogio da loucura do poema" e mais os dois desdobramentos que estão publicados no Recanto das Letras. Senti, com sua apreciação gentil, caridosa e discreta, que devo fazer como a anta e tomar um banho no barro do meu caos para limpar o cheiro na minha rota, quando não quiser ser seguida por algum propósito inominado. Obrigada Joaquim Moncks. Você é realmente uma estrela que brilha no meu céu cultural. Tem me ajudado mais do que possa imaginar, dentro da sua linha de respeitosa confraternidade.