Amor no cais
Desconhecia quantas vezes se apaixonara.
Homens (diversos) brincaram com seu coração,
que já não era o mesmo de quando ali
"aportara" aos 18 anos.
Certo dia, decidira ficar, embora não tivesse
noção de quanto ainda lhe reservava o destino.
A juventude ia ficando para trás.
Tinha agora quase trinta e cinco anos, vividos
entre momentos fugazes de luxo, seguidos pela
dor do abandono e da decepção.
Quantas vezes, quase desiludida da vida,
em seu mundo solitário sonhou com
outras possibilidades.
em seu mundo solitário sonhou com
outras possibilidades.
Naquela manhã estava ali para mais um
ritual de despedida.
ritual de despedida.
Ele era o único que, mesmo tendo partido outras vezes, cumpria a promessa de retornar
para seus braços.
para seus braços.
Mas, seu coração acenava-lhe um
pressentimento estranho:
pressentimento estranho:
-"Será que ele ainda vai voltar?"
Com o peito dilacerado, a alma deprimida e os
olhos em prantos, levantou mais cedo para
abraçar e beijar seu grande amor, e quem
sabe, dizer adeus para sempre
olhos em prantos, levantou mais cedo para
abraçar e beijar seu grande amor, e quem
sabe, dizer adeus para sempre
ao jovem bonito, elegante e conquistador,
de outras terras, que roubara seu
coração de menina desprotegida.
Era chegada a hora de partir.
Amor de marinheiro é assim...
Coração desapegado, sentimentos voláteis, sem
paradeiro fixo em lugar nenhum, igual
as espumas das ondas.
Seu olhar embaçado pelas lágrimas acompanhou à
distância até o navio sumir por inteiro.
-"Será que ele ainda vai voltar?"
Construir novos sonhos era preciso.
... Dessa vez... havia a certeza de que não
ficara sozinha.
****************
****************
http://www.recantodasletras.com.br/autor_textos