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(Poe/Art interpretação)
Amor no cais
 
Desconhecia quantas vezes se apaixonara.
Homens (diversos) brincaram com seu coração,
que já não era o mesmo de quando ali 
"aportara" aos 18 anos.

Certo dia, decidira ficar, embora não tivesse
noção de quanto ainda lhe reservava o destino.
A juventude ia ficando para trás.
Tinha agora quase trinta e cinco anos, vividos 
entre momentos fugazes de luxo, seguidos pela 
dor do abandono e da decepção.
Quantas vezes, quase desiludida da vida,
em seu mundo 
solitário sonhou com
outras possibilidades.
 
Naquela manhã estava ali para mais um
ritual de despedida.
Ele era o único que, mesmo tendo partido outras vezes, cumpria a promessa de retornar
para seus braços.
Mas, seu coração acenava-lhe um
pressentimento estranho:
-"Será que ele ainda vai voltar?"
 
Com o peito dilacerado, a alma deprimida e os
olhos 
em prantos, levantou mais cedo para
abraçar e beijar 
seu grande amor, e quem
sabe, dizer adeus para sempre 
ao jovem bonito, elegante e conquistador, 
de outras terras, que roubara seu 
coração de menina desprotegida.
 
Era chegada a hora de partir.
Amor de marinheiro é assim...
Coração desapegado, sentimentos voláteis, sem 
paradeiro fixo em lugar nenhum, igual 
as espumas das ondas.
Seu olhar embaçado pelas lágrimas acompanhou à 
distância até o navio sumir por inteiro.
 
-"Será que ele ainda vai voltar?"
Construir novos sonhos era preciso.
 
... Dessa vez... havia a certeza de que não 
ficara sozinha.
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                  Ísis Dumont
 
Informações sobre o processo criativo dessa modalidade na página do escritor Maurício de Oliveira, no link abaixo:
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Aparecida Ramos
Enviado por Aparecida Ramos em 08/04/2014
Reeditado em 08/04/2014
Código do texto: T4761453
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