ÓRFÃOS

Mais um dia deitado, faminto, encolhido, inerte

Sendo observado, ignorado, rejeitado, sem internet...

O vento sopra, assovia uma canção de ninar sombria

Ainda mais encolhido, ele quase se atrofia

Nem percebe o encontro que o desperta tonto.

E então, uma mão o acaricia e lhe aguça os sentidos

Sente um abraço forte, colado, demorado,

Sente um beijo quente, ouve baixinha a respiração,

Sente o perfume suave e o pulsar do coração

Pura comoção, olhares trocados, inibidos

As lágrimas molham os sorrisos dotados de alegria

Ele recebe colo, adotado sem burocracia...

Ela o contempla com todo o amor que sente e sonha

Será doutor, militar, professor,

Um famoso jogador, um talentoso ator, um premiado cantor,

Um escritor renomado?

Mais que tudo, ele será amado,

Irá experimentar o que é ter amor e também amar.