TRANSEUNTES


Não somos, estamos aqui
Latifundiários da maldade
Segregados do amor
Incompreensíveis da verdade

Mercenários do coração
Amasiados com a falsidade
Assassinos execráveis
De cordeiros degredados
Fazendeiros de ilusão

Ao sol da mentirosa caridade
Abraçados com a impureza
Andando com pernas vis
Aos beijos com a vaidade

Ai de nós se o tempo parasse
E os monturos se enfileirassem
Do opróbrio da humanidade
E dos abutres sobejassem
A ironia da bondade

Estaríamos como sombras
Presos na liberdade
Dos arquétipos concupiscentes
Devotos de suas vontades

Os intestinos da morte
Diluiriam os nossos sonhos
Morreriam nossas verdades
No bílis do seu estômago

Quão felizes das poesias
Se na paz, a morte jazesse
Se estrelas fossem lençóis
Que ornassem mil fantasias

Se no sono da noite
Prendessem o algoz
Que o mundo cria

Se o amigo tempo
Guardasse em redoma
O amor em diacronia

Se em sepulcro
baixassem deveras
O ódio e a dor em sincronia




 
Professor Daniel Silva
Enviado por Professor Daniel Silva em 20/02/2014
Reeditado em 21/05/2014
Código do texto: T4699170
Classificação de conteúdo: seguro
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