Ela me acertou na cabeça...
Ela me acertou na cabeça,
e eu não tinha nada para estancar o sangue.
Me atingiu com toda sua fúria.
Com ironia e frases elaboradas.
Ela deve ter passado muito tempo pensando em tudo... Eu acho.
O sangue escorria e eu procurava fazer algum sentido daquilo.
Ela me acertou e eu não tinha nada.
Nenhum soneto de escárnio, ou uma réplica bem encaixada.
Agora, eu só tinha perplexidade... e saudade.
Tinha uma varanda, uma lua pela metade e algumas latas de cerveja
de 3,50.
Tinha um longo dia amanhã e nenhuma vontade de dormir.
Ela me arrancou até o sono...
Eu tinha tido outras mulheres, é verdade. Talvez mais do que eu devesse ter tido.
Mas nenhuma como ela. Nenhuma com aquela brutalidade verbal.
Com toda aquela capacidade de agressão
toda aquela belicosidade...
Me pergunto o porquê de ainda estar atado a ela.
Em nossas discussões palavras voavam como facas do lado dela em minha direção.
Eu me esquivava como podia.
Em seguida caia em seus braços e esquecíamos aquilo tudo.
Até que tudo recomeçava.
Eu não sabia lidar com aquele tipo de mulher.
Com aquela mulher.
Talvez por isso
... eu a desejasse tanto.