Ela me acertou na cabeça...

Ela me acertou na cabeça,

e eu não tinha nada para estancar o sangue.

Me atingiu com toda sua fúria.

Com ironia e frases elaboradas.

Ela deve ter passado muito tempo pensando em tudo... Eu acho.

O sangue escorria e eu procurava fazer algum sentido daquilo.

Ela me acertou e eu não tinha nada.

Nenhum soneto de escárnio, ou uma réplica bem encaixada.

Agora, eu só tinha perplexidade... e saudade.

Tinha uma varanda, uma lua pela metade e algumas latas de cerveja

de 3,50.

Tinha um longo dia amanhã e nenhuma vontade de dormir.

Ela me arrancou até o sono...

Eu tinha tido outras mulheres, é verdade. Talvez mais do que eu devesse ter tido.

Mas nenhuma como ela. Nenhuma com aquela brutalidade verbal.

Com toda aquela capacidade de agressão

toda aquela belicosidade...

Me pergunto o porquê de ainda estar atado a ela.

Em nossas discussões palavras voavam como facas do lado dela em minha direção.

Eu me esquivava como podia.

Em seguida caia em seus braços e esquecíamos aquilo tudo.

Até que tudo recomeçava.

Eu não sabia lidar com aquele tipo de mulher.

Com aquela mulher.

Talvez por isso

... eu a desejasse tanto.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 11/02/2014
Reeditado em 11/02/2014
Código do texto: T4687544
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