Coração de Prata
Danúbio Azul,
Leve-me a Strauss!
Fale de minha dor...
Corram em minh’ alma,
Hologramas de Viena!
Arrebatando meus devaneios,
Ó, grande Rio corrente de prata!
Embale a minha angústia
À violinos roucos
De sons tecidos de álveo regato;
Sufocando no peito vil:
Saudade e lembrança mortalhas.
Cante um canto de “voce velata”,
De amor esquecido,
De coração esmagado...
Para ver se licores de esperança,
A minha sede aplaque.
Passeia, sentimento,
Nas ondas plácidas...
Fujam de mim calafrios da noite!
Que o coração, o templo do amor,
Os céus rasgue!
E caia a chuva de Prata,
Que o teu leito invade:
Aniquilando essa dor!
Navegue feliz, barquinho,
“Voce di petto”!
Levante ao vento tuas velas!
Arranque do meu peito,
A saudade infinda dela!