Não sou nenhum Bukowski

Sempre me perguntei o quanto uma mulher poderia contribuir,

com a escuridão dentro de mim.

Pois é.

Algo de mim é como um cão de caça furtivo.

Como uma fera noturna. Que você não percebe até que esteja em seu pescoço.

Eu tenho um lado negro, que persiste. Que não consigo matar. Que não sei quando vai aparecer.

Carrego-o comigo, e não sei quando ele vai atacar e tingir meu mundo de cinza e opaco.

Geralmente é uma mulher que o atrai.

Na maior parte do tempo, meu céu é azul.

Na maior parte do tempo eu vejo o mundo em cores.

Mas sempre existe aquela fêmea, que põe meu mundo para girar fora do eixo.

Que me põe a suspirar e lança um frio ártico em minhas tripas.

Sempre tem uma mulher.

Mesmo que tenham pouco em comum entre si... o fim é sempre o mesmo.

Elas vêm e vão e sempre deixam um vazio infernal.

E é ai que a escuridão vem.

Trazendo barris de cerveja e infinitas segundas feiras de ressaca.

Me pergunto quando isso vai ter um fim.

Se esse é o meu destino.

Colecionar dias coloridos e lembranças tristes de mulheres que se sucedem como as fases da lua.

Quando vou encontrar uma que dure?

Que não leve de mim mais do que trouxe?

Não tenho talento, nem fortitude para muito mais...

Não sou nenhum Bukowski.

Infelizmente...

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 11/02/2014
Reeditado em 24/04/2016
Código do texto: T4686254
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