PEDAÇOS

Você que me olha agora,
Agora, com a face cansada,
Cansada e triste, não imagina,
Não imagina que em brisas.

Em brisas leves de outrora,
Outrora feliz, encantada, eu,
Eu não era assim, era flor,
Flor de primavera, essência.

Essência da estranha vida,
Vida que me transformou na mais,
Mais bonita do lugar, motivo,
Motivo de intensas procuras.

Procuras de famintos homens,
Homens tingidos de loucura,
Loucura e busca de prazeres,
Prazeres em mim existentes.

Existentes em mil emoções,
Emoções que eu não soube lidar,
Lidar com a minha beleza,
Beleza fugaz como o vento.

Vento que sopra sem rumo,
Sem rumo como o meu olhar,
Meu olhar tristonho no tempo,
Tempo errante, passante, passou...

Passou a loucura de ser, passaram,
Passaram os homens, a flor secou,
Secou a minha fonte de encanto,
Encanto? Não reluz nos meus dias.

Dias amargos hoje sorvo,
Sorvo a lenta tristeza,
Tristeza de ser essa senhora,
Senhora lançada à solidão.

Solidão de ser, de querer mudar,
Mudar tudo aquilo que fui,
Fui um mero objeto nas mãos,
Nas mãos homens insensíveis.

Insensíveis, pois, só pensaram,
Pensaram em sim, aproveitaram,
Aproveitaram dos devaneios,
Devaneios da juventude.

Juventude! Palavra distante,
Distante do que me sobrou,
Sobrou um eu mil pedaços,
Pedaços de sonhos pelo chão.

Chão que se abre sob mim, me deixa,
Me deixa completamente sem,
Sem saber o que fazer  com o resto,
Com o resto de vida que tenho.

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Ecosys, criação de simplesmente sys
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