Travessia

Ao longo do tempo atravessei longos mares.

Vi o por do sol em terras tão desconhecidas.

Minhas mãos tocaram a neve sobre as montanhas.

Os passos apertaram-se pelas matas escuras.

Ao longo do tempo corri entre os prados e neblinas...

Procurei buscar as canções mais antigas.

Sorri entre os encontros e luzes das cidades.

No entanto olhos famintos eu tinha;

Deixei o coração à deriva nas esquinas do mundo.

A mente foi-se turvando nas mentiras dos homens

E os remos apenas levaram-me de volta...

No entanto as feras me apartavam pelos desertos;

Sobre mim ouvi o rugido dos lobos

Rasgando a minha carne

Punindo-me pelos meus atos impensados.

Só os tempos ensinaram-me toda a verdade...

Só os dias mostraram-me o tamanho de tanta vaidade:

- É veneno que cega e nos queima toda colheita.

Nossos trigais ressecaram antes do tempo;

Nossos rios secaram em um momento.

As areias das dunas nos cobriram.

Para mim só as tempestades sorriram...

Busquei o perdão vivendo no errado.

Busquei redenção nos portões da maldade.

Molhei os lábios no fel da falsidade.

Pelo mundo logo fui dominado...

Tudo por ter deixado de lado os espelhos:

- A minha imagem...

O meu coração...

Todas as minhas verdades.

Descobri que para vencer a travessia e encontrar a paz

Precisava descer uma luz pela mente

Desvendar do coração os segredos.

Enfrentar os ratos;

As cobras e os escorpiões lá estavam.

Só assim encontrei o fim da batalha.

Pude respirar o ar doce da vida.

Em vão busquei pelos céus nesta Terra.

Hoje sei que só posso encontrá-los assim:

Entre o Bem e o Mal há eterna guerra;

A vitória vem de acordo com o que há em mim.

Ronaldo Thomé
Enviado por Ronaldo Thomé em 10/02/2014
Código do texto: T4685523
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