CRONOS
DIASÍNCROFO XII
PLÁCIDO PENSAR
Coração ponteiro da vida
Chama vivificante e mortalha da alma
Quem te ordenou furtar os dias
Daqueles que sonham?
Usurpas desejo menino
Esquecido ao Cronos impiedoso
Flagelo ares cinza de olhar petrificado...
Devolva a primavera aos beija-flores risonhos!
Ah, coração alado penso!
De injustiças cansado
Entorpecido à unguento sonífero.
Alças o voo sepulcral de pássaro solitário,
Rasante olhar de expectativa sangrenta.
Quem te ordenou matar os sonhos?!
Bebes incontido o vinho da discórdia!
Alma fugente, abominas a sabedoria
dos últimos dias! Infiltra-te nas entranhas
Da ignorância, esquecendo-te
que o pêndulo não para na ironia do destino!
Tuas razões clamam por razão!
Tua sequidão clama por desertos!
Ah! Teus dias não mais clamarão pelo tempo!
Morre, ave despedaçada!
No desatino embebe-te, bússola desnível!
Urras na escuridão em dia claro. O inconstante
Vai e vem de horas de incontáveis desgraças.
“A tua piscina tá mesmo cheia de ratos,
Tuas ideias realmente não correspondem aos fatos...
O tempo não para, não para não!”
Existe mesmo um futuro repetindo o passado!
E tu habitas num museu de grandes novidades...
Ó, tempo, por que não paras?!