Ressacas

Mais uma mulher perdida.

Mais uma veia partida,

num caco de vidro ao pé da cama.

E mais uma vez,

repete-se o velho drama.

Por tanto tempo eu me vi distante

desse tipo de novela, que já perdera o costume.

Mas essas coisas sempre voltam,

como num refluxo.

É assim com a cerveja e é assim com as mulheres,

quando as doses são muito grandes.

A ressaca que se segue é semelhante.

O mesmo gosto amargo na boca,

quando o entorpecimento acaba.

O mesmo embrulho no estômago, o mesmo peso na cabeça.

A mesma vontade de que aquilo nunca mais se repita,

e um incômodo que parece interminável.

A ressaca do álcool no entanto,

sempre acaba antes.

Na verdade, são necessárias varias ressacas alcoólicas

para se superar a ressaca de uma amante.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 28/01/2014
Reeditado em 28/01/2014
Código do texto: T4667660
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