Pensamento

Sou tudo. Sou nada. Sou sonho, sou pesadelo. Sou voo no céu azul da tarde. Sou plano em terra acidentada. Sou aquele que fala. Sem medo. Sou eu. Puro. Simplesmente.

Sou quem voa até você. E ao mesmo tempo permaneço. Mudo. Parado. Quieto. Sou parágrafo. Sou linha. Cortado no meio. Substantivo, sem verbo.

Sou homem e inseto pairando no ar. VRRRRMMMM... Sou um momento de escrita na noite.

Sou a palavra inquieta. Na mão do escritor. E acima de tudo me escrevo. Me reinvento. Me imagino. Me arrebento em mil frases pra chegar aonde estou.

Sou caleidoscópio inquieto. O que era antes logo não mais foi. Nem será. Será? Serei? Zerei?

Zerado na folha de papel, na ponta da caneta? Não! Antes sou movimento. Sou liberdade. Sou amor e raiva. Andando. No fio da navalha. Sou todas as coisas.

Devagar, me organizo. Devagar saio. Da cama. Do olhar. Do piscar. Do gesto. Do indiscreto. Devagar deixo o grito. AAAAAAAHHHHHH!!!

Sou solitário? Sou solidão? Vagar... Vagaroso... Aparecem novas formas.

No escuro. No nada. Somos luzes no meio da noite. E as luzes se aproximam.

E os momentos se congelam. Dois focos, então. Branco e Colorido. Minha cor é apagada. O outro é brilhante. O outro cega. E eu amenizo.

Sou tudo. Menos juízo. Menos mesmice. Burrice! Sou mudança. Imaginação. Esperança. Num raio de luz movo-me. Não há tantos vazios?

Vou de um lado a outro da Terra. Num único segundo. Vou sonhando acordado. Devaneio caminhando. Sou verso livre num mundo de rimas presas. Sou libertário.

O que se passa comigo? De onde venho? Para onde vou? Solitário entre todos? As paredes do concreto mundo tentam me deter. Sem chance.

Eu sou o Pensamento. Não há como me deter.

Ronaldo Thomé
Enviado por Ronaldo Thomé em 07/11/2013
Código do texto: T4561443
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