Melancolia Verídica

Certo dia estava caminhando por uma rua calma e remota. Bento e Capitolina, duas criançolas que moravam nesta rua, passaram por mim encarando-me. Eles se amavam, mesmo tão jovens.

Senhor Machado, homem que obtinha meu respeito, amigo de passagem, de viagem, de momento. Mas que danado! Não me revelou o fim do romance entre bentinho e Capitu; aquele casal do parágrafo anterior.

Vivo em contradição com o presente, passado, real ou imaginário. Acredito que possuo uma identidade indecifrável, se é que possuo uma. Passeava pelos bares, ruas, vidas de pessoas e até hoje sei que não faço sentido.

Um amor inexplicável por um pássaro que nem conheço, um soluço e algumas lágrimas ao ver o sol se pondo. Não sei se é emoção ou tristeza, porque o tempo passa e as folhas caem de uma forma tão violenta. Este mundo não tem lógica, apenas sentimento, música e obscuridade.

Certa vez, passando por uma ponte, senti uma enorme necessidade de me juntar ao por do sol, a dor da melancolia que mesmo sendo tão obscura é tão atraente e prazerosa. Voei para o horizonte, sem ao menos chorar pela última vez, pensar pela segunda vez e conversar com meus amigos de passagem, de viajem, de momento.

Tais Braga
Enviado por Tais Braga em 28/10/2013
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