Extrato Pó Ético #041: ENLUTADO PASSAREDO
ENLUTADO PASSAREDO
Extrato Pó Ético #041
Hoje, ao acordar, estranhei,
tudo claro, o sol levante,
um silêncio tão gritante,
em suspense adjuvante.
_ “Que terá sido?” _ pensei.
Mui curioso e angustioso
a perscrutar, detectar.
Saí procurando
tintim por tintim,
busquei em cada canto.
Qual foi meu espanto,
ao ver lastimando.
_ Que triste Rolinha!
_ Ah, Fogo-pagou!
Pranteava a Andorinha
seu triste langor:
_ Morreu, coitadinha.
E ali, solidariamente,
triste, ao redor, sobre a grama,
num canto do muro, jazia
por volta do meio-dia,
Rolinha morta, que drama!
Passaredo tristemente
chora com ardor sua dor.
Disto veio-me esta poesia!
**********************************
Hoje cedo, realmente, o passaredo não cantou ao arrebol e até estranhei. Volteando pelo jardim pude ver alguns passarinhos em redor dessa pobre rolinha fogo-pagou que provavelmente morreu ao se chocar com o muro.
Ao ver-me aproximando, se assustaram e levantaram voo.
Depois do meio dia por varias vezes ouvi um canto sincopado a dizer apenas: _ "Te vi! Te vi! Te vi!" _ Depois de algum tempo, ele cantou normalmente: _ "Bem te vi! Bem te vi!"
Fiquei a pensar se aquele não seria um canto de luto em soluço.