Conto Nublar #079: SARAU À LUZ DA LUA CHEIA - Dueto com Maria de Jesus

Atenção! Poesias na íntegra publicada sa Ciranda do Sarau. Queiram conferir...

SARAU À LUZ DA LUA CHEIA

(Dueto com Maria de Jesus)

Conto Nublar #079

Na última Lua cheia, expressamos o desejo de realizar um sarau cultural sobre poesia e nos unirmos neste ambiente, para termos a oportunidade de nos conhecermos pessoalmente.

Em nome dos bons costumes antigos, quando ainda não havia luz elétrica e o lampião de gás era a única iluminação pública disponível, resolvemos realizar o sarau à luz da próxima lua cheia, 19 de setembro.

_ Que tal no jardim do Od? Além de belo e aconchegante, as flores e seu perfume dão o tom perfeito que um poeta precisa para se inspirar.

_ Tudo bem, Ethiel e Margareth! Seria um imenso prazer recebê-los, mas lembrem-se de que aqui no Planalto Central, a lua cheia atrai sempre nuvens carregadas, embotando a presença dela que é nossa convidada de honra. Mas tenho ideia melhor. Por que não fazemos nosso sarau acima das nuvens? Assim, desse problema não poderemos nos queixar...

_ Apoiado! Só tem um probleminha. Não sabemos como chegar lá.

_ Fácil, fácil, Nasser! Mas deixa comigo que será surpresa para todos. Na hora “H” encontrar-nos-emos lá em cima, sem problema. Mandarei um mensageiro nublar lembrar o dia e a hora. Falando nisto, agendem todos aí! 19 de setembro, às 18h 00min.

***

Hoje, 19 de setembro, 10h 30min, enviei um 'cloud-mail' para os participantes do sarau: “Às 18h 00min” nosso transporte eólico passará em frente ao portão de sua residência. Esteja a postos para não perder a condução. Três leves toques no ouvido esquerdo é a senha avisando que seu tropel chegou. Simplesmente feche os olhos, conte até três. Seu transporte será efetuado com rapidez e segurança.”

Subi mais cedo para adiantar os preparativos do local do sarau. Não percebi que a Punky, minha cadela escudeira, dessa vez pegou carona. Quando dei por mim, ela também estava ao meu lado com seu sorriso matreiro, língua pendente para a esquerda como de costume como a querer dizer-me: _ “Viu? Também posso vir!” _ Não demoram uns dois atmos, algumas nubéculas se desgarraram do vasto colchão nublar em forma de pássaros, gatos e lebres. Punky não se fez de rogada e os persegue alegre e saltitante. Pedi pra Brisa Mestra de Cerimônia que cedesse a Brisa Pândega para ficar por perto, a fim de não se perder com minha cadela.

18h 00min em ponto, o anfiteatro se transforma numa espécie de pipoqueira gigante. Flocos e mais flocos de nuvens pipocam, donde saem poetas e mais poetas de acordo com a lista de correio enviada. No saguão, chegam primeiro Hull de La Fuente e Maria de Jesus Carvalho.

_ Bem-vindas, Hull e Maria de Jesus! Vocês podem ajudar na recepção e boas-vindas aos demais convidados? _ Respondem que sim.

Logo chegam Helena Luna, Fernanda Xerez, Margareth D S Leite, Ana Stoppa, Cida Moura, Maria Mar, Nasser Queiroga, Jacó Filho, Chico Mesquita, Ana Flor do Lacio, Fátima Galdino e Costa, Teca, Luzirmil, Afonso Martini e Mariaw, Djalma CMF, Aila Brito, Nana Okida, Sonia de Fátima Machado Silva, Silvanio Alves, Antônio Silva Gusmão, Daniel Fiúza, Luisella, Guida, Marli Caldeira Melris, Adria Camparini, Lianatins, Zaretliteratura, Giustina, Alfredo D Alencar, Dijadarkdija, Manoel, Márcia Luconi, Bemtivi, Arthur Ghuma, Raimundhini, Lucas Kind, Derek, José Aprígio, Jenário de Fátima.

_ Oi, Od!

_ Oi Marli! Ou preferes Melris!

_ Tanto faz, Od! Veja só quem eu trouxe? Você mandou os convites e ei-los todos aqui: Luna di Primo, Maurício de Azevedo, Ana Bailune, Mario Roberto Guimarães, Miguel Jacó, Flor Morena, Vantuílo, Beth Joy, Wsanches, Aila, Cleir, Jacob, Eemanuel, Marlene Toledo, Maria Aranilda de Araújo, Aprígio, Gio, Alkas, Regina Madeira, Madalena de Jesus, Romildo Sampaio, Luiz Moraes, Israel Galdino, Wilson Ramos, Valdomiro, Dilson Poeta, Ilmar, Bosco Cruz, Alexandre Costa, José Cambinda Dala, Sigrid Spolzino, Rosa Ambience, Eli Mathias, Pr. Marcelo Escritor de D'us, Ellis Faria, Maurílio Gabaldi. A lista é interminável, mas estão todos listados no painel led-vagalume aceso à direita do palco. Por favor, queiram conferir. Estão todos listados lá.

_ Ótimo! Fizeste bem! Junte-se a todos. Vamos já começar.

Juntam-se espontaneamente com Sô Lalá e o Estanislau que vive contando “causos”. O Christiano sorrindo de mãos dadas com a Rosa de Oliveira, Ilma de Albuquerque, Lúcia Armênio e com a Gislaine Lima formam uma grande roda e cantam à moda antiga: “FUI NO TORORÓ BEBER ÁGUA E NÃO ACHEI...”

E continua a pipocar e chegar mais e mais poetas e poetisas. Fábio Brandão Caldeira, Francisco Chagas Santos, Giovânia Correia, Nath, Suely Sys, Daniel o Versátil, Jcoelho, Zemary, Tavares, Ilmar, M. Jesus, Ed, Rosa D Saron, Alex, Aedo, Lorenzi, Daniel Merlin, Brisa, Ventania, Cleir, Ed Sylon, Cláudio Poeta, Cleris, Silvia Regina, Regina Pessoa, Angélica Gouvea, Sílvia Araújo Mota, Milla Pereira. Olha lá! A corte de Gorobixaba! Os Cavaleiros do Apocalípse.

_Marli, por favor! Conduza os convidados a Maria de Jesus e Hull de La Fuente!

_ Pois sim, Od!

Um a um os convidados são acomodados em seus lugares conduzidos por Brisa Mestra de Cerimônia. Ao horizonte leste, surge majestosa e em sua plenitude a bela Selene, em pompa e majestade. Uma orquestra de sete ventos toca um rondó rápido-ligeiro em si bemol, numa harmonia jamais ouvida em nível terreal. Aos poucos, Selene ocupa o centro do primeiro quadrante celeste e generosamente derrama seus raios lunares de prata, de brilho nunca antes visto. Uma estonteante e memorável visão! E para receber a Rainha da Noite, a poetisa Maria de Jesus declama um soneto de sua lavra intitulado “Luar Amigo”. Ouçam-na:

LUAR AMIGO

Maria de Jesus A. Carvalho

A noite vem chegando lentamente...

E já cintilam raras estrelinhas.

As brancas nuvens bailam levemente

ao som de sinos, harpas e flautinhas.

Eis que o universo logo se ilumina!

A perfeição, meu ser todo extasia...

[...] (Vide Ciranda)

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Aplausos e aplausos retumbantes.

_ Boa noite a todos os presentes! Peço a todos um minuto de silêncio em memória de nossos colegas que partiram - Mel Red, Euripedes, Marlene Borges Braga, Demouthié Esmeraldo (meu mano), Pedro Nogueira e Flor Enigmática e Jamil Luz. _ Todos silenciamos em reverência aos nossos saudosos colegas.

_ Para Ana Stoppa, quase um “Buon giorno”, pelo fuso horário. _ Todos retribuem a saudação com bastante alegria e alarido por nos encontrarmos neste memorável evento. _ Em nome do Eterno, o Altíssimo, que nos presenteou com Selene e este luar maravilhoso, declaro aberto o Sarau Lunar de Setembro. Dr. Vesa, o Vento Engenheiro Sul Atlântico tem uma surpresa para os convidados, enquanto a Orquestra dos Ventos Uivantes equatoriais executa o MAGNIFICETUR DOMINUS IN SAECULA SAECULORUM (SEJA MAGNIFICADO O SENHOR, ETERNO D'US, PELOS SÉCULOS DOS SÉCULOS).

Enquanto embevecidos ouvimos os acordes desse arrebatador hino de vitória, acompanhado por percussões de quasares, e contracantos de baleias azuis em contraponto com solos de cachalotes e golfinhos (incrivelmente inimaginável!), Dr. Vesa monta uma super fogueira de nuvens fosforescentes multicolores, sendo por todos aplaudido. Num lugar estratégico, há um órgão nublar com um triplo brilhante teclado de criogênicas teclas, cromaticamente bem esculpidas. Convido a Hull para assumir o exótico órgão, por ser ela uma virtuose no piano. Jacó Filho trouxe seu bandolim e não se faz de rogado, entra na camerata improvisada. Eu tomo por empréstimo o alaúde da Ana Flor do Lacio e acompanho também de improviso. Em seguida Maria de Jesus executa no órgão, o clássico de Johann Sebastian Bach, Jesus Alegria dos Homens deixando todos embevecidos.

Ana Flor do Lácio veio acompanhada de João, seu esposo o qual a assistia carinhosamente. Quase pergunto-lhe o que são aquelas ataduras do cotovelo às pontas dos dedos da mão direita, mas detenho-me ante um divertido esparadrapo escrito: “Não estou a brincar de múmia. Foi um acidente doméstico.” Tomei essa deixa e anunciei:

_ Começarei interpretando o fado que musiquei do belíssimo Soneto de Ana Flor do Lácio, “MEU REFÚGIO, MEU FADO” para o qual tive o prazer de adaptar, pôr uma melodia e fazer este arranjo. Lamentamos o acidente, Ana, e torcemos por uma rápida restauração.

MEU REFÚGIO, MEU FADO!

Nunca escondi o meu amor por este mar

Onde me faço e refaço.

Refaço-me e anoiteço...

(Bridge)

Num voo de gaivota, alto e singular,

Sigo reinventando um outro começo

Um novo recomeço...

[...] (Vide Ciranda)

Devolvo os aplausos à autora da letra. Muito justo, por sinal.

_ Convido para fazer a abertura deste sarau, vinda diretamente da Itália, a Poetisa Ana Stoppa que declamará em italiano, seu poeta recém versado nesta língua:

_ Buona notte cari amici poeti e poetesse. Declamo agora...

OLTRE LA PORTA

Ana Stoppa

Oltra la porta ballano i fotti sogni

Ardenti desideri medicano per la vita

Vibrante l'anima incessante piange la pace

Coraggio cupo segretti dolorosi.

Oltre la porta botte di oceano infinito

La felicitá batta sulle bianche onde...

[...] (Vide Ciranda)

_ Em português! Em português! _ Pedimos em alta voz enquanto aplaudimos.

_ Obrigada! Obrigada!

ALÉM DA PORTA

Além da porta bailam os loucos sonhos

Ardentes vontades imploram por vida

Vibrar da alma clama incessante a paz

Coragem amuada, dolorosos segredos

Além da porta borbulha oceano infinito

Felicidade baila sobre as brancas ondas...

[...] (Vide Ciranda)

Aplausos, aplausos e aplausos!

_ Luiz Vandoque, por favor! _ Levanta-se Jacó Filho e executa maviosamente um solo de bandolim e nos deixa de queixo caído. Retumbantes aplausos...

_ Nosso sarau transcorre na mais perfeita harmonia, e certamente a alegria prevalece, e empolgado com os aplausos, aproveitando, que se aproxima o aniversário da nossa querida Hull De La Fuente, declamo este Soneto em sua homenagem:

ENTRE A MUSA E A LUA

Do encanto da vida, sua luz se lança,

Em gestos solidários, em sua escrita...

É musa, é poeta e uma lua tão bonita,

Que o Sol inibido jamais lhe alcança...

Sua poesia autêntica ilumina o leitor...

Muitos fãs Prestam-lhe homenagens...

Seu trabalho ético cria-lhe a imagem,

[...] (Vide Ciranda)

***

Assobios e vivas de parabéns de todos os presentes. Maria de Jesus assume o Órgão Nublar e entoa "PARABÉNS PRA VOCÊ", enquanto Hull (Claraluna) se curva emocionada recebendo a merecida ovação. Jacó Filho continua:

_ Agradecemos a Claraluna por seu carinho com todos nós do convívio no sítio literário com seus leitores, principalmente com os presentes e adoradores da LUA CLARA, nossa musa). Aproveito pra agradecer ao nosso anfitrião, o mestre Od L Aremse M Peterson e a todos os presentes...

_ Muito obrigado, JF!

_ É muito bom poder ver todos vocês aqui reunidos. Sinto um quê de família, um laço muito forte que nos envolve. Quase que não pude vir. Estava repousando em meu Lar, em Houston. Sofri um tombo de ponta cabeça. Por pouco não ceguei. Pela graça do Altíssimo, estou aqui para me alegrar com vocês. Isto cá em cima lembra um dueto que fiz: “Ah... se eu tivesse asas, as esconderia sobre uma capa...” E hoje estou aqui.

_ É verdade, Nasser! Poderíamos declamar um dueto... Vou declamar este Canzoneto mais recente:

PISCANTES ESTRELAS NO SARAU

Noite estelar deslumbrante

Cada conviva em vestes brilhante

A lua prateada coadjuvante

Reluzia qual holofote em diamante.

E tudo discorria em sonho espacial

Uma via láctea era o foco piscante...

[...] (Vide Ciranda)

Aplausos e aplausos.

_ A Poesia nos dá asas e nos faz transpor o inimaginável. _

_ É verdade, Margô! Helena, Chico Mesquita e eu tivemos o privilégio de fazermos nosso primeiro encontro de poesia lá em Fortaleza, no Del Paseo, onde o Od nos fez companhia. Lembra, Helena?

_ Claro, Nanda. Tivemos o prazer de conhecer esse poeta inquieto que vive inventando outras formas de escrever. Quando é que tu vais parar de inventar, Bosco? _ Sorrio meio cerrado... _ Também pudemos conhecer noutros encontros Conceição Gomes, Nasser e sua irmã. Declamo um Selene Léxis especial para esta noite:

À LUZ DA LUA

Na lua me espelho,

não corro perigo,

não quero conselho.

Ela é luz, anjo e guia,

em sua trilha prossigo,

frente à ela me ajoelho...

[...] (Vide Ciranda)

_ Delicioso esse Sarau organizado num ambiente pleno de luz e harmonia. O meu abraços a todos participantes.

_ Receba nosso abraço e aplausos, Milady! Maravilhosa poesia, Helena. _ Aplausos e aplausos...

_ Então, Od! Eu também estive por lá no primeiro encontro em Fortaleza, como foi dito. Foi muito bom sairmos do virtual para a realidade.

_ É verdade, Mesquita. Ainda hoje sinto o carinho com que vocês me acolheram naquela noite. Também estão aqui hoje, como naquela noite, a Fátima Galdino e o Costa...

_ Sim! Deixei o meu salão hoje só pra estar aqui com vocês. O Costa só quer tirar fotos. Deixem essa tarefa com ele.

_ E Você, Marli! O que nos apresenta hoje?

_ Bem, gostaria de recitar o meu mais recente Poémata Habitus:

“POR ENTRE FLOCOS NUBLARES”.

O Poeta vive nas alturas, cabeça sonha e pensa.

Cabeça sonha e pensa. Procura doce harmonia.

O poeta busca nas nuvens a mais pura poesia.

_ É isso. Qualquer dúvida, estou às ordens. Calorosos aplausos!...

_ Pois sim, Zemary! Claro! Claro! Por favor!

_ Para mim também é uma noite inesquecível! Trouxe este Trifofes especial:

SARAU AO LUAR DE PRATA

Uau!

Noite

Memorável!...

[...] (Vide Ciranda)

Calorosos aplausos.

Depois de longo e divertido bate-papo, faz-se tarde. É imperativo retornar cada um para sua casa. Então chega o momento da surpresa da noite. _ Dr. VESA!

_ Pronto, Od! Sou todo ventos!

_ Operação descida.

_ Certo! Atenção. Todos se deem as mãos em volta da fogueira nublar. Entrelacem os braços bem forte. Só soltem quando eu der o sinal. Estrela!...

Faíscas e faíscas saem da fogueira, temperatura aumenta e derrete-se o círculo onde estamos em formação. Caímos em queda livre, formando bela estrela poética ao estilo paraquedismo. De repente, grita Dr VESA: _ "Agora!" _ Soltamos as mãos, cada um é envolvido por um vento específico e é deixado em frente ao portão de sua residência. Um vento euroaquilão conduz Ana Stoppa diretamente para Castelgandolfo, bem na hora do almoço. Logo mais ela se encontrará com poetas e poetisa para o lançamento do seu livro bilíngue em Português e Italiano. Enfim todos chegamos sãos e salvos.

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Ah! Querem saber da Punky? Desceu com Brisa Pândega antes mesmo de o Sarau começar.

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Obrigado a todos os colegas que gentilmente compareceram a este virtual sarau.

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Euroaquilão - substantivo masculino

Vento do nordeste. = EURAQUILÃO

"euroaquilão", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.com/dlpo/euroaquil%C3%A3o [consultado em 28-09-2013].

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Alelos Esmeraldinus e Maria de Jesus Carvalho e Outros
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 28/09/2013
Reeditado em 03/10/2013
Código do texto: T4501709
Classificação de conteúdo: seguro
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