Conto nublar #077: SIMPLESMENTE NUBLARES ECOSYS

SIMPLESMENTE NUBLARES ECOSYS

Conto nublar #077

Hoje, à tardinha, minha filha e eu concluímos a limpeza do jardim. Ufa! Finalmente!

Fomos visitar nosso filho que também mora na Zona Rural de Brasíla. Enquanto íamos, desfrutávamos da tela inédita que se pintava no poente. É incrível que nenhum pôr do sol seja igual a outro. Jamais se repete. Esse tinha um toque mui especial. Sua aparência era de uma enorme bola de fogo a lançar dardos ígneos nas nuvens, resultando num festival pictórico a delinear um panorama exótico de raro resplendor. O sombreado era mais belo que a fina arte de um esmerado pintor.

Uma sistemática formatação de flocos de nuvem me chama a atenção:

“*-------”

“-*------”

“--*------”

“--*------”

“---*------”

“Espere aí! Isso não é obra de vento ou do acaso. Parece mais o 'Jogo da Forca' ou o 'Roletrando'. Deve haver alguém por trás desse grupamento de flocos celestes. Assim que chegar à Chácara Oca do Índio, certamente vou saber do que se trata.” Mal saio do carro, disfarço como a buscar algo na grama e, por trás do pequizeiro, pego carona na primeira brisa que passa.

O crepúsculo lá de cima toma dimensões jamais vistas. Vejo, sem pressa, o sol ir descendo pouco a pouco ao seu leito, bem sabendo que descansar mesmo não irá, pois já começa a brilhar mais além do horizonte. Um pouco mais adiante, vejo uma garota com bastante habilidade tecer um paradigma:

B

-O

--S

---C

-----O

Aproximo-me curioso para ver quem é.

_ Ora se não é a Sys Sabino ou, Simplesmente Sys!

_ E você deve ser o Od L'Aremse, ou melhor, Bosco Esmeraldo. Muito prazer!

_ O prazer é todo meu, Sys! Que bom que aceitou o convite e veio conferir pessoalmente o Mundo dos Contos Nublares. O que você faz mesmo nesse paradigma? Jogo da Forca só presta se jogar a dois. Posso participar?

_ Oh, Od! Até parece! Atendi o seu convite e, como tinha a certeza que você seria atraído até aqui, lancei no espaço o paradigma de construção do meu Ecosysacróstico. Eu tenho uma surpresinha pra você. Quer ver?

_ Massa, Sys! Adoro surpresas! Queria mesmo tirar umas dúvidas contigo. Tentei um, findei usando palavras compostas, mas você me disse que só vale palavra única. Me explica melhor o “savoir faire”!

_ É simples Od! Veja novamente este paradigma que estava montando quando você chegou! Tomemos, por exemplo, o seu nome real.

B

-O

--S

---C

-----O

O segredo é ir preenchendo os espaços com palavras que contenham as letras nas posições indicadas no jogo da forca. Este é o primeiro passo. Por exemplo:

Bebe

COpo

CoSturadas

BenÇão

ClamOr

Depois, pega-se a palavra seguinte e coloca-se no final do verso anterior. Assim:

Bebe copo

COpo costuradas

CoSturadas benção

BenÇão clamor (releve o Ç, leia-o como C)

ClamOr esperança.

Por fim, preencha criativamente cada verso explorando o seu lirismo. Assim:

Bebe a água fresca sem copo

COpo de versos são folhas costuradas

CoSturadas com fios de benção

BenÇão vinda de um clamor

ClamOr da esperança.

Veja que terminei estrategicamente com esperança para começar a próxima estrofe. E por aí vai. O limite deve ser o seu talento e imaginação. Vejamos agora, na íntegra o mimo que te preparei.

Bebe a água fresca sem copo

COpo de versos são folhas costuradas

CoSturadas com fios de benção

BenÇão vinda de um clamor

ClamOr da esperança.

Esperança é como estrela

EStrela piscando sempre

SeMpre nos esperando

EspErando para nos levar

LevaR para além desta janela

JanelA até tem uma vista maravilhosa

MaraviLhosa mesmo é a magnitude

MagnituDe que vem deste pedacinho

PedacinhO de fé que converte em versos.

_ Que maravilha, Sys! Temos o mau costume de julgar apressadamente e desistir ante o primeiro obstáculo. Assim, fica bem mais fácil. Depois vou tentar fazer uns. Valeu pela ilustrada aula! Assim, todos conseguem fazer. É só querer. Fico sem palavras para agradecer um presente em alto estilo como este. Vamos descer? Dessa vez em estilo Sys.

_ Vamos!

Vim para cá feliz, voando

vOando para assistir brilhante aula

auLa de EcoSys, tintim por tintim

tinTim por tintim, na lingua, bem na ponta.

PontA - nela fica a poesia e eu, feliz até agora.

Agora já é hora de voltarmos

vOltarmos, cada um para seu labor.

Labor que dignifica o ser capaz

cApaz de amar e zelar por seu lar.

LaR - paz, amor e segurança. LAR-DOCE-LAR.

Uma buzina distorcida lá bem longe anuncia que minha família está pronta pra voltar pra casa. Fechamos os olhos enquanto duas brisas passam por nós. Uma desce em caracóis em direção ao Coronel Fabriciano–MG. A outra me deixa por trás do pequizeiro daquela chácara, no ponto de onde parti, na Zona Rural em Brasília.

Assim, estamos de volta ao nosso destino, ao Lar, Sublime Lar.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 21/09/2013
Código do texto: T4491760
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