Por uma história mal contada

Lamentar é o que restou à grande e velha humanidade. Lamentar a violência generalizada e enraizada nas câmaras mais profundas dos corações dos homens que levantam bandeira de paz e vivem a guerra velada, encalacrada nos recônditos escuros de suas almas. Os sermões estão enfeitados de palavras e as vidas esvaziadas da bondade do Mestre. Como é fácil encher as mãos de pedras, como é fácil deduzir erros, como é fácil levantar trincheiras, como é fácil fazer guerra. E ainda ficamos perplexos diante dos noticiários de mortes, de chacinas e etc e tal. Somos a guerra, somos a chacina, matamos nosso irmão ao menor sinal de barulho, ou de algo que perturbe a frágil casca de nossas defesas. Nunca estamos prontos para ouvir melhor o barulho, nunca estamos prontos para exercitar a compreensão, a compaixão, a benevolência, a complacência, pelo menos não antes de golpearmos, para isso sempre estamos prontos, para golpear, para prevalecer a força, mostrar nossas grandes garras. Pior são as guerras da alma, podemos ganhar as batalhas que criamos, derrotar o intruso inimigo, mas infelizmente sucumbimos em nossas lutas pessoais, não há maior inimigo do que nós mesmos. Conquistar as próprias guerras não é mérito de todos, e a liberdade é o troféu do conquistador de si mesmo. A beleza da vida é que ela é contínua, como um rio que nunca carrega as mesmas águas e ao final é imprescindível encontrar o mar, se tornar o mar. Te desejo luz.

Tita Miranda
Enviado por Tita Miranda em 19/09/2013
Reeditado em 20/09/2013
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