Devaneio de fim de férias
Atualmente sinto que não existe vida inteligente ou presença tolerável,
antes do segundo ou terceiro copo de cerveja.
Uisque acelera o processo...
Não há nenhum som que valha a pena se ouvir além do barulho das garrafas cheias de bebida, dos gemidos de mulheres vazias de pudor, ou do silêncio contemplativo pós sexo, das moças densas e cheias de complexidades com quem tenho o costume de me envolver.
Atualmente não existe um lugar que eu chame de casa, sonhos que eu deseje transformar em planos e planos que eu deseje por em prática.
Não há Bukowski, Não há Augusto dos Anjos, bula de remédio ou textos acadêmicos que me prendam a atenção.
Não existe companhia melhor que minha cama, fria e sem lençol,
ou o silenciosíssimo ventilador de teto, que observa todas as minhas contemplações, monólogos e conjunções carnais, sem jamais me dirigir uma palavra em julgamento, crítica ou sugestão.
Apenas gira em torno do próprio eixo,
ególatra...
Ainda assim, sinto certo prazer na solidão profunda, do meu deserto de perspectivas.
Como se o deserto fizesse parte de mim.
Sinto certo prazer em pensar que minha única certeza é a ressaca de amanhã.