Foto 1: CASA TEMPORADA EM CAPIVARI
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VIVENDO E APRENDENDO
Conto nublar #072
Conto nublar #072
Uma brisa suave e refrescante roça o meu rosto num toque de afago do Criador.
Sentado numa cadeira preguiçosa de espaguetes plásticos, na sombra de uma gentil mangueira de folhagens em tons de marrom a verde oliva. Folhas marrons denotam que a árvore está a renovar sua fronde, anunciando que há grande floração a caminho. Dá gosto ver as garras de esperança que lança ao ar, em busca do sol e deste fotossintetizar a seiva clorofiliana, o fito sangue que levará vida aos galhos e destes, às folhas, flores e frutos no intuito de completar o seu siclo vital.
E eu, como de costume, a conversar com as plantas, emprestando ares de louco a quem por ali passasse. Por trás de mim, uma mexeriqueira carregada de ácidas mexericas em tom de amarelo queimado e meio murchas. Sinalizava que há muito não sabiam o que era uma gota d'água. Ao lado esquerdo, um belo jasmineiro meio desfolhado. Então decidi ali mesmo aguá-los em dias alternados para que sentissem de volta à vida.
Não deu outra, ficaram mais que espertos. Rebentavam flores em todos os cantos e recantos do nosso jardim. Limoeiro, laranjeira, jabuticabeira, pitangueira, jambeiro-do-cerrado, amoreiras, coqueiros entraram numa festiva concorrência de quem mais florava. Nunca havia visto tanta florescência em profusão quanto nesta semana. Até os aloés resolveram soltar seus cachos em bem adornados pendões. Dava gosto de ver. Medidas altamente corretas, mas, em compensação, minha conta d'água deu uma guinada que me assustou bastante, mas valeram os mimos. Hoje saboreio diariamente amoras pretas, pitangas, laranjas-limas, suco de limão. Nada foi em vão.
Enquanto dou asas ao ócio criativo / produtivo, essa verdadeira incubadora de ideias e projetos, observo as nuvens passarem ao sabor dos ventos, como se fossem um 'slideshow' animado e mutante, qual um gigantesco calidoscópio. Não como um calidoscópio a formar imagens virtuais quadrangulares simétricas, mas como se fora um cinematoscópio. Fez-me lembrar de imediato o 'workshop' nublar do dia anterior. Não me saía do pensamento o apelo indutivo para fazer manutenção e reciclagem financeira. Em tudo o que vejo ou ouço faço imediata conexão com o fato de que devemos rever e ajustar nossos orçamentos. Em meio àqueles pensares, grita do portão:
_ Cumpádi Nhô Ôdlaris! Louvado seja Nosso Sinhô, o Altíssimo!
_ Min 'olam, le 'olam, amen (de eternidade a eternidade, amém)! Pode entrar, Compadre Nhô Barbino! _ respondi-lhe enquanto acionava a abertura remota do portão. _ A que me traz sua agradável presença?
Achegando-se mas pra perto, encostando, o chapéu no peito, coçando a meia calva, Nhô Balbino se aproxima falando nas buchas:
_ Nhô Ôdlaris! Num sei uqui tá assucedeno, apois cum ar banana tá dano tudo errado.
_ Oche, Nhô Barbino! O qui tarr aveno, homi de Deus?
_ Sei não, Nhô Ôdlaris! _ É assim que me trata. _ tá tudo muchim, muchim. Ar parmas de banana num dizinvoive, e quano madroce, é maga de polpa e cheinha, cheinha de pedinha preta. Quage quebrei meur dente de trás cum ar danada.
_ Savexe não, Cumpádi! Vô chamá um trabaiadô intendido in terra pru modi vê o que se açucede. Procure se acarmár, Cumpadi!
_Tá certo, Cumpadi! diz o Nhô Balbino acabrunhado. _ Mar quiria fazê um pedidim só, derre tamãím...!
_ Pode falar, Compadre!
_ Num é pelcizo o Sinhô falá inguarzim a gente, não. Dá pra pensá qui ocê tá quereno caçoá de ieue! Dá um farnizim aqui nu pé da barriga!
_ Ram! Ram! _ temperando a garganta, meio sem graça... _ Desculpe, Nhô Balbino! Não era essa a minha intenção. Não me apercebia que estava lhe causando constrangimento.
[…]
Duas horas depois, chega o técnico agrícola a perguntar qual o motivo de sua chamada..
_ Bem-vindo, Tim! Algo estanho está a ocorrer com minhas bananas. Dá só uma olhada nisso. Sabe o que pode estar acontecendo?
_ Sim, Od! Esse é o meu metiê. Pouca gente sabe que banana produz semente e com razão. Aqueles pontinhos pretos que encontramos no miolo da banana, são sementes não desenvolvidas. Somente em caso de extrema situação de estresse climático é que elas se desenvolvem. Uma defesa para não se extinguir a espécie. Por exemplo, se a bananeira pressente a aproximação de um logo período de estiagem, imediatamente ela não desenvolve o fruto e dá prioridade às sementes para preservação da espécie. Coisas do Criador que é farto em sabedoria e tudo Ele a nós empresta.
_ Muito interessante! Mas que Deus maravilhoso nós servimos! Glória a Deus!
_ Sempre e sempre seja glorificado, Od! Isso é um aviso da Natureza que um período de grande estiagem em breve está por vir. Só mais uma coisa. Separe essas sementes por espécie em caixas diferentes, identifique cada caixinha, guarde-as bem guardadas. Poderá precisar delas mais adiante, quando voltar a chover.
Sentado numa cadeira preguiçosa de espaguetes plásticos, na sombra de uma gentil mangueira de folhagens em tons de marrom a verde oliva. Folhas marrons denotam que a árvore está a renovar sua fronde, anunciando que há grande floração a caminho. Dá gosto ver as garras de esperança que lança ao ar, em busca do sol e deste fotossintetizar a seiva clorofiliana, o fito sangue que levará vida aos galhos e destes, às folhas, flores e frutos no intuito de completar o seu siclo vital.
E eu, como de costume, a conversar com as plantas, emprestando ares de louco a quem por ali passasse. Por trás de mim, uma mexeriqueira carregada de ácidas mexericas em tom de amarelo queimado e meio murchas. Sinalizava que há muito não sabiam o que era uma gota d'água. Ao lado esquerdo, um belo jasmineiro meio desfolhado. Então decidi ali mesmo aguá-los em dias alternados para que sentissem de volta à vida.
Não deu outra, ficaram mais que espertos. Rebentavam flores em todos os cantos e recantos do nosso jardim. Limoeiro, laranjeira, jabuticabeira, pitangueira, jambeiro-do-cerrado, amoreiras, coqueiros entraram numa festiva concorrência de quem mais florava. Nunca havia visto tanta florescência em profusão quanto nesta semana. Até os aloés resolveram soltar seus cachos em bem adornados pendões. Dava gosto de ver. Medidas altamente corretas, mas, em compensação, minha conta d'água deu uma guinada que me assustou bastante, mas valeram os mimos. Hoje saboreio diariamente amoras pretas, pitangas, laranjas-limas, suco de limão. Nada foi em vão.
Enquanto dou asas ao ócio criativo / produtivo, essa verdadeira incubadora de ideias e projetos, observo as nuvens passarem ao sabor dos ventos, como se fossem um 'slideshow' animado e mutante, qual um gigantesco calidoscópio. Não como um calidoscópio a formar imagens virtuais quadrangulares simétricas, mas como se fora um cinematoscópio. Fez-me lembrar de imediato o 'workshop' nublar do dia anterior. Não me saía do pensamento o apelo indutivo para fazer manutenção e reciclagem financeira. Em tudo o que vejo ou ouço faço imediata conexão com o fato de que devemos rever e ajustar nossos orçamentos. Em meio àqueles pensares, grita do portão:
_ Cumpádi Nhô Ôdlaris! Louvado seja Nosso Sinhô, o Altíssimo!
_ Min 'olam, le 'olam, amen (de eternidade a eternidade, amém)! Pode entrar, Compadre Nhô Barbino! _ respondi-lhe enquanto acionava a abertura remota do portão. _ A que me traz sua agradável presença?
Achegando-se mas pra perto, encostando, o chapéu no peito, coçando a meia calva, Nhô Balbino se aproxima falando nas buchas:
_ Nhô Ôdlaris! Num sei uqui tá assucedeno, apois cum ar banana tá dano tudo errado.
_ Oche, Nhô Barbino! O qui tarr aveno, homi de Deus?
_ Sei não, Nhô Ôdlaris! _ É assim que me trata. _ tá tudo muchim, muchim. Ar parmas de banana num dizinvoive, e quano madroce, é maga de polpa e cheinha, cheinha de pedinha preta. Quage quebrei meur dente de trás cum ar danada.
_ Savexe não, Cumpádi! Vô chamá um trabaiadô intendido in terra pru modi vê o que se açucede. Procure se acarmár, Cumpadi!
_Tá certo, Cumpadi! diz o Nhô Balbino acabrunhado. _ Mar quiria fazê um pedidim só, derre tamãím...!
_ Pode falar, Compadre!
_ Num é pelcizo o Sinhô falá inguarzim a gente, não. Dá pra pensá qui ocê tá quereno caçoá de ieue! Dá um farnizim aqui nu pé da barriga!
_ Ram! Ram! _ temperando a garganta, meio sem graça... _ Desculpe, Nhô Balbino! Não era essa a minha intenção. Não me apercebia que estava lhe causando constrangimento.
[…]
Duas horas depois, chega o técnico agrícola a perguntar qual o motivo de sua chamada..
_ Bem-vindo, Tim! Algo estanho está a ocorrer com minhas bananas. Dá só uma olhada nisso. Sabe o que pode estar acontecendo?
_ Sim, Od! Esse é o meu metiê. Pouca gente sabe que banana produz semente e com razão. Aqueles pontinhos pretos que encontramos no miolo da banana, são sementes não desenvolvidas. Somente em caso de extrema situação de estresse climático é que elas se desenvolvem. Uma defesa para não se extinguir a espécie. Por exemplo, se a bananeira pressente a aproximação de um logo período de estiagem, imediatamente ela não desenvolve o fruto e dá prioridade às sementes para preservação da espécie. Coisas do Criador que é farto em sabedoria e tudo Ele a nós empresta.
_ Muito interessante! Mas que Deus maravilhoso nós servimos! Glória a Deus!
_ Sempre e sempre seja glorificado, Od! Isso é um aviso da Natureza que um período de grande estiagem em breve está por vir. Só mais uma coisa. Separe essas sementes por espécie em caixas diferentes, identifique cada caixinha, guarde-as bem guardadas. Poderá precisar delas mais adiante, quando voltar a chover.
_ Ufa! Quer dizer que temos que nos preparar e guardar sementes para esse novo tempo pós seca que virá?
_ Sim, mas não se esqueça de que deve separar as melhores sementes. Cada semente reproduz conforme sua espécie. Semente fraca produz frutos fracos, raquíticos enquanto que boas sementes...
_ Eita homem por demais sabido, Sor! Deduzo obviamente que produzirão frutos de excelência. Quanto lhe devo?
_ Que é isso, Od! Você não me deve nada. Aliás, eu é que saí lucrando com a leitura do seu conto ontem. Cara! Foi demais. Como foi que tirou da cachola aquelas ideias de prevenção financeira?
_ Assim, as ideias vão surgindo e as vou derramando no teclado. No final, sai o que você leu. Mas confesso que também me caiu qual luva. Por falar nisso, tem umas coisas ainda fervilhando aqui embaixo dos cabelos e não é piolho nem caspa.
_ Então manda ver, meu!
_ Então vamos lá! Isso tudo que falamos até agora faz grande sentido.
_ Claro, Od! Lembrei-me até da Fábula de Esopo, A FORMIGA E A CIGARRA.
_ Também faz-me lembrar de como Yosef Ben Yakov salvou o Egito e nações ao redor dos estragos que causariam os sete anos de seca no Oriente Médio. Zafenat Paneah, mais conhecido por José do Egito, armazenou no tempo da fartura e pode salvar todo o Egito e terras vizinhas pelo programa implantado nas terras pertencentes a Faraó.
_ Muito interessante, Od! Nada acontece por acaso. Tudo tem seu propósito.
_ É, Tim! Ultimamente ando meditando sobre a necessidade de se agir com prudência, não ser pródigo, não gastar o que se ganhou com suor e dores em futilidades, muito menos além disso, mas administrar bem as finanças, gastar ordenadamente com o que for necessário para o sustento e o bem-estar. Em tudo isso sou concorde.
_ É osso, meu!
- Pois é, Tim! Por falar em osso...!
_ Calma, Od! Não me venha recriminar por assistir novelas.
_ Nada disso, Mano! É que nossos ossos nos dão grande lição de perfeita economia. Se você se exercita bem, aquele órgão ou sistema que está sendo utilizado requer mais cálcio para os ossos e nutrientes para os anexos. Caso contrário, não se desenvolve e fica fraco, raquítico. Se nos alimentarmos além do necessário para repor as energias gastas na labuta, nosso organismo não desperdiça o excedente. Antes deposita em forma de gordura entre as alças intestinais e vísceras. Até o fígado vira depósito de gordura, causando esteatose hepática. Isto pode evoluir para uma cirrose hepática, mesmo sem fazer uso de bebidas alcoólicas.
Esse armazenamento de gordura se dá por provisão e precaução para reposição energética em caso de baixa alimentar por qualquer motivo. Infeliz ou felizmente, esse tipo de gordura localizada só é eliminada através de esforços físicos extra rotina diária. Uma academia ou mesmo uma caminhada contumaz é o meio mais fácil e saudável para eliminarmos aquela indesejável gordura localizada no abdômen em geral (barriga ou cinturão da morte), seios, culotes (mulheres os odeiam) etc,
_ É, camarada! Preciso urgentemente entrar nessa luta pela vida e eliminar de vez o meu cinturão da morte, que mais parece um pneu de caminhão.
_ Com Vossa permissão, Nhô Ôdlaris! A cunveça tá discambano prum lado qui ieu adiscunheço, tô mei sobranu e já é quage dinoitinha. Priciso mi ir e levar u'a feirinha pra Nhá Bênça, qui ié pru mode ela fazê o ajantarado.
_ Vá na bênção, Compadre! Lembranças pra Comadre Violeta!
_ Serõn dada, sim! Bar Noite Nhô Tim! Bar noite, Nhô Ôdlaris! Inté mãiã, si o Senhor nus conceder.
_ Até, Nhô Balbino! Confiando nele! Mas... antes de ir, não se esqueça! Cuidado! Não jogue fora as bananas estressadas. Recolha todas as sementes e separe-as por tipo. Guarde todas em caixinhas separadas, identificadas por espécie que é pra quando clima voltar à normalidade a gente poder replantar e restaurar nosso bananal, conforme nos instruiu o Amigo Tim..
_ Iapôis tá certo, Cumpádi! A gente é vivenu e aprendenu!
Foto 2: AMORA PRETA - Bosco Esmeraldo
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