Talvez um dia

O momento vale uma reflexão,

mesmo que não leve a nada.

Mesmo que não me leve a nenhuma conclusão miraculosa

que me tire desse poço.

Ponho o selo num envelope para a carta recém escrita,

rabisco o endereço e o nome dela,

a destinatária.

Vale o pensamento antes da decisão.

Correio ou gaveta?

Devo decidir o destino do pedaço de papel

que carrega parte dos meus sentimentos,

palavras que não lhe disse,

que fizeram sentido no momento em que surgiram em minha mente e meu peito,

mas que agora ja não parecem tão apropriadas.

Os planos não se encaixam,

falta harmonia.

O estado das coisas me tira o sono em vez de me embalar os sonhos.

Ja estive neste ponto algumas vezes.

sei o que isso tudo significa.

O silêncio dela é mau agouro.

Uma carta não vai mudar nada.

Fecho finalmente o envelope e abro uma gaveta do armário.

Lanço no fundo do móvel mais escuro do meu quarto.

Deixo lá, a espera de uma volta do mundo.

Deixo os sentimentos lá dentro também.

Talvez um dia cheguem ao seu destino.

talvez um dia.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 02/06/2013
Código do texto: T4321018
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