Conto nublar #066: CAVALEIROS DO CÉU



Findo o embarque, descendo pelo túnel, Od adentra à aeronave, saúda aos comissários de bordo, acomoda sua bagagem de mão no bagageiro superior, acima das poltronas. Confere seu acento, “_ É!. Esse mesmo! _”, senta-se e afivela o cinto.

O comandante anuncia o fechamento das portas do avião. Enquanto um trator o desloca do ponto de taxiamento, posicionando-o próximo ao acesso à cabeceira da pista de decolagem, os comissários de bordo fazem a demonstração de segurança para situações de emergência. De tantas e tantas vezes que assistira àquela demonstração, nada percebia de tão absorto que estava a olhar além das nuvens. Estas, por sua vez, deslizavam suavemente ao sabor do vento. Sr. L'Aremse não teve o mínimo de esforço para se transportar para fora do avião. Vez em quando, ouvia o grito alegre de algum vento que rorejava suas faces: “_ Ipi-aê! Ipi-aô! _”.

_ Caramba!_ , fala o Od. _ Lembrei-me dos bons tempos de criança em que podia ouvir o Carlos Gonzaga cantando 'Cavaleiros do Céu'! O que achas disso, Vento Sul? _

_ Od, não é pra me gabar não, mas acabo de cruzar um outro avião e tenho quase certeza que era justamente o Carlos Gonzaga que estava na janela 1A.

E enquanto falavam sobre, Vento Sul tomou a forma de um ginete celeste, Od captou a deixa, pulou sobre seu dorso e pegou bem pelas crinas e … “_ Ipiaê! Ipiaô! _”. Não demorou muito e já não eram somente eles, mas um tropel de cavaleiros no céu a fazer-lhe coro “_ Ipiaê! Ipiaô! _”. Para incrementar a festa, relâmpagos e trovões faziam estrondosa percussão, enquanto, aragens e brisas tentavam em vão atingir aquelas alturas. Como num toque de mágica, se ouvia em todos os níveis o 'hit' antigo de Carlos Gonzaga, “Cavaleiros do Céu”.

_ E aí, Vento Sul? Por que tenho a nítida impressão de que é justamente ele que vem puxando a tropa e cantando em plenos pulmões? Diga aí, por favor...

_ Vou-te contar um segredo, mas peço que só conte pra seus melhores amigos. Certo?

_ Claro, Sul! Não perderia sua confiança por nada.

_ Tantas vezes você já esteve aqui em cima conosco e, ainda assim, não entendeu como isso funciona? Quem tem a graça de falar e interagir conosco e fazer o que você faz, basta imaginar e tudo se torna realidade? Mas somente cá em cima. Cuidado para não bater com a língua nos dentes, lá embaixo, com qualquer um. Vão pensar que você está lunático ou literalmente com a cabeça nas nuvens (sorriso entre os lábios)...

_ Valeu, Sul! Preciso te dizer algo antes de o piloto anunciar a descida, senão eu...

 

Estilo criado pelo Poeta Bosco Esmeraldo (Od L'Aremse). Para você compor neste estilo, saiba como neste link: COMPONDO UM CONTO NUBLAR, http://www.recantodasletras.com.br/teorialiteraria/4228439.


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Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 16/05/2013
Reeditado em 03/06/2013
Código do texto: T4294078
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