Crise de existência
A vida do cara ‘tava uma merda.
Tudo virado de cabeça para baixo.
Era tanta coisa no lugar errado que o rapaz não sabia nem por onde começar quando tentava por a própria vida em ordem.
O desânimo o consumia. Uma angústia revirava-lhe os interiores.
Quanto tempo aquilo iria durar, ele se perguntava.
Passava dias e noites deitado, com a cabeça embaixo do travesseiro, como se quisesse se esconder do mundo.
Sofria de insônia e escrevia poesia para passar o tempo.
Havia papéis largados por todo quarto.
Livros lidos e relidos, roupas amarrotadas, cartão de banco e garrafas de cerveja.
O rapaz vivia naquela bagunça,
Cada dia acordava um pouco diferente. As vezes quase otimista. Saía de casa e olhava para o mundo como se tudo fosse melhorar a partir dali.
Às vezes, acordava carregado de pessimismo e tardava a levantar-se da cama.
Aquele rapaz amara demais no passado. Naqueles dias, no entanto, não era capaz nem de amar a si mesmo. Ele vivia num vazio. Vazio emocional. Numa crise existencial. Perdido num mar de perguntas sem respostas.
Mas sinceramente, ele não fazia questão de resposta alguma.