A dor de Valdomira.
A vida é cruel, Valdomira,
disse eu à minha amiga, brincando com o apelido.
A coitada sente as coisas como eu sinto,
daí vem nossa empatia.
Mas ela é mulher, o que faz isso um tanto pior,
sem querer ser machista, mas já sendo.
Ela não aprendeu a ser sozinha,
e eu estou aprendendo,
naquele esquema de isolamento e solidão auto inflingida,
tentando conviver comigo mesmo e ignorar o resto.
Vou vendo o seguimento dos dias, misturando Bukowski, Cerveja e Chico Buarque...
Toda noite, compartilho meu progresso com Valdomira,
trocamos nossas queixas e lamúrias...
como se fossemos vítimas de uma enfermidade em comum.
Andamos de Ônibus, ouvimos rádio, vamos a faculdade e conversamos com outras pessoas.
Seguimos com o fingimento, como se tudo estivesse no lugar.
Fingimos cada um a sua maneira...
Ha dias que parece fácil,
e outros dias,
o abismo volta para nos engolir.
Tem dias que nem a cerveja desce
e queremos vomitar.
Eu escrevo e ela chora até dormir.
e assim varamos,
madrugada, atrás de madrugada.