Morte e tempo.
Tudo morre.
Tudo morre, fato científico.
Seja de tédio, velhice, ou para dar lugar a coisas novas.
Tudo morre,
Morrem impérios, morrem amores, acordos de não agressão.
Morreram os grandes Césares e Augustos,
morreu o leiteiro,
a viuva lasciva, o cachorro fiel,
Morrem as idéias, morrem os sonhos,
morrem os sóis, as galáxias,
e por certo morrerá nosso universo.
morre o cigarro, na boca do bêbado adormecido
Morreu Cristo,
morreu o verbo que se fez carne.
tentam matar a língua culta,
como mataram o latim, junto com Roma.
Há bárbaros por todo lado,
Átila corre solto pelas ruas,
tudo é morte.
O mundo cheira a morte,
a vida se trata de assassinato.
O novo mata o velho, toma seu lugar, para ser morto logo em seguida,
sem que isso seja algo necessariamente triste.
Conformado, espero minha hora,
sem ambicionar fazer alguma diferença.
é assim que vivo,
matando tempo,
e mais uma garrafa de cerveja.