Conto Nublar #054: NUVEM PASSAGEIRA
O dia amanheceu de um azul celeste brilhante e sombrio.
Saí para o quintal a fim de apreciar aquele inédito céu de anil, pelo menos para mim até aquele instante. Nenhuma nuvem a pintar a tela estratosférica. Uma brisa deslizou por meu rosto fazendo suave carícia, convidando-me a cavalgar logo acima, nas nuvens.
- Vamos lá, Od! O dia promete! Uma cavalgada eólica nada mal!
- Bom dia, Dona Brisa! Seria bom demais. Mas, como subiria até lá? Não seria você a me dar carona. É certo que é muito agradável, mas de tão suave você não seria o meu transporte.
- Em parte você tem razão. Mas apenas sou precursora do vento ESE. É ele quem vai dar a propulsão. Você só tem que montar no meu dorso, segurar bem firme as minhas crinas como se fosse de um fogoso corcel. Anda! Vamos lá!
- 'Pera aí! E como consigo montar se não te vejo?
- 'Xa comigo! Apenas feche os seus olhos e faça menção de subir em mim como se fora num imponente ginete. O resto é comigo. Se eu não der conta não tema! Lés-sudeste virá por baixo e assumirá o percurso. Depois que estiver cavalgando, pode abrir os olhos para explorar o visual que estará ao nosso redor.
Tal e qual! Mal fechei os olhos, Brisa se postou sob mim como se fora uma montaria, enquanto eu fazia menção de passar a pena pelo dorso do pingo de cela, bom e bonito. Melhor, um tapete mágico. - “Iupiauauei!” Gritei todo eufórico pois era bem melhor do que eu poderia imaginar. Abri os olhos e percebi que Brisa dera uma guinada à esquerda, a um nível mais abaixo, para conduzir uma pequena nuvem eventual enquanto cavalgava sobre um vento Leste-Sudeste - ESE. “Mas que nuvem mais acanhada!”, falei em tom jocoso.
- Não desdenhe dela, Od! É a Nuvem Passageira! Observe-a desmanchando em lágrimas. Ela também sentiu sua dor e por isso se derrama em rala chuva! Além do mais, ela tem a nobre missão de, mesmo sendo uma simples passageira, purificar a atmosfera, lavando nossos arredores.
- É mesmo ESE! Ninguém deve aos outros julgar pelas aparências. E aqueles chumaços de nuvens, lá adiante, Lés-sudeste? O que será deles?
- Deixa comigo! Veja só o que acontece!
Aos poucos, ESE foi aglutinando um a um cada floco nublar até que se formou um enorme cúmulo nimbo ou, como ESE dizia, um CN.
- Eita, ESE veja aquele outro CB que vem vindo em nossa direção! O que acontecerá?
- É apenas a produção nublar que vem ao nosso encontro escoltada por meu primo ENE - Lés-nordeste. Vamos brincar pra valer! Ao nosso choque, haverá raios, rufos e trovões. É um espetáculo inesquecível!
- É! Deve ser, mas... Eu preferiria curtir lá de baixo. Pode ser?
- Então! Fique bem atento e, assim que os dois CB's se colidirem eu lhe mando de volta pra casa no primeiro raio que soltarmos. Mas fica ligado! Antes que o primeiro raio seja produzido, fecha bem os olhos, por nada não os abra nem mesmo uma gretinha e grite: “Back home”!
- E, por que em inglês se sou brasileiro? Vai soar meio pedante! Que dirão os meus leitores?
- 'Tá limpo, Meu! Joga a culpa em mim! Eita! É agora! Faça o que disse e grite!
Fechei os olhos e gritei em plenos pulmões: “Back home!!!!” Quando vi, estava no alpendre que dá pro quintal. A porta da copa estava entreaberta, a mesa posta e bem composta para o nosso desjejum. Estavam à mesa, Od Júnior, Israel e Débora. Por fim, Susana e eu nos assentamos em nossos costumeiros lugares (cabeceira e à direita). Demos graças pelo dia, pelo sono e pela refeição ali servida. Aquele foi o mais belo dia de nossa vida!
Ah! “Back home” é o mesmo que “De volta ao lar”.
Saí para o quintal a fim de apreciar aquele inédito céu de anil, pelo menos para mim até aquele instante. Nenhuma nuvem a pintar a tela estratosférica. Uma brisa deslizou por meu rosto fazendo suave carícia, convidando-me a cavalgar logo acima, nas nuvens.
- Vamos lá, Od! O dia promete! Uma cavalgada eólica nada mal!
- Bom dia, Dona Brisa! Seria bom demais. Mas, como subiria até lá? Não seria você a me dar carona. É certo que é muito agradável, mas de tão suave você não seria o meu transporte.
- Em parte você tem razão. Mas apenas sou precursora do vento ESE. É ele quem vai dar a propulsão. Você só tem que montar no meu dorso, segurar bem firme as minhas crinas como se fosse de um fogoso corcel. Anda! Vamos lá!
- 'Pera aí! E como consigo montar se não te vejo?
- 'Xa comigo! Apenas feche os seus olhos e faça menção de subir em mim como se fora num imponente ginete. O resto é comigo. Se eu não der conta não tema! Lés-sudeste virá por baixo e assumirá o percurso. Depois que estiver cavalgando, pode abrir os olhos para explorar o visual que estará ao nosso redor.
Tal e qual! Mal fechei os olhos, Brisa se postou sob mim como se fora uma montaria, enquanto eu fazia menção de passar a pena pelo dorso do pingo de cela, bom e bonito. Melhor, um tapete mágico. - “Iupiauauei!” Gritei todo eufórico pois era bem melhor do que eu poderia imaginar. Abri os olhos e percebi que Brisa dera uma guinada à esquerda, a um nível mais abaixo, para conduzir uma pequena nuvem eventual enquanto cavalgava sobre um vento Leste-Sudeste - ESE. “Mas que nuvem mais acanhada!”, falei em tom jocoso.
- Não desdenhe dela, Od! É a Nuvem Passageira! Observe-a desmanchando em lágrimas. Ela também sentiu sua dor e por isso se derrama em rala chuva! Além do mais, ela tem a nobre missão de, mesmo sendo uma simples passageira, purificar a atmosfera, lavando nossos arredores.
- É mesmo ESE! Ninguém deve aos outros julgar pelas aparências. E aqueles chumaços de nuvens, lá adiante, Lés-sudeste? O que será deles?
- Deixa comigo! Veja só o que acontece!
Aos poucos, ESE foi aglutinando um a um cada floco nublar até que se formou um enorme cúmulo nimbo ou, como ESE dizia, um CN.
- Eita, ESE veja aquele outro CB que vem vindo em nossa direção! O que acontecerá?
- É apenas a produção nublar que vem ao nosso encontro escoltada por meu primo ENE - Lés-nordeste. Vamos brincar pra valer! Ao nosso choque, haverá raios, rufos e trovões. É um espetáculo inesquecível!
- É! Deve ser, mas... Eu preferiria curtir lá de baixo. Pode ser?
- Então! Fique bem atento e, assim que os dois CB's se colidirem eu lhe mando de volta pra casa no primeiro raio que soltarmos. Mas fica ligado! Antes que o primeiro raio seja produzido, fecha bem os olhos, por nada não os abra nem mesmo uma gretinha e grite: “Back home”!
- E, por que em inglês se sou brasileiro? Vai soar meio pedante! Que dirão os meus leitores?
- 'Tá limpo, Meu! Joga a culpa em mim! Eita! É agora! Faça o que disse e grite!
Fechei os olhos e gritei em plenos pulmões: “Back home!!!!” Quando vi, estava no alpendre que dá pro quintal. A porta da copa estava entreaberta, a mesa posta e bem composta para o nosso desjejum. Estavam à mesa, Od Júnior, Israel e Débora. Por fim, Susana e eu nos assentamos em nossos costumeiros lugares (cabeceira e à direita). Demos graças pelo dia, pelo sono e pela refeição ali servida. Aquele foi o mais belo dia de nossa vida!
Ah! “Back home” é o mesmo que “De volta ao lar”.