Apólogo da DesAVEnça

Poema de versos heptassílabos em estâncias tetrásticas, a exemplo da trova, porquanto denominado, por mim, de Troema, ou seja, poema em trovas.

Pombas! Que baita atrapalho,

que bruta mancada minha,

quando Bem-Te-Vi no galho

bem ao lado da Viuvinha!

Tal qual uma Gralha tonta,

contei pra toda a floresta!

Veio de aves um sem conta...

Papagaio fez a festa!

Falou muito de um Gavião

e de outras coisas medonhas...

que assistiu até reunião

de bem mais de cem Cegonhas!

Do Sabiá que já sabia

de tudo desde o começo,

mas não contava, fingia,

e em troca tinha o seu preço!

Do Barbudinho que teve

de por a barba de molho...

qual Coruja se conteve

em apenas ficar de olho!

Veio um Jacu espoleta

que não era nada manso:

o seu pescoço xereta

esticava que nem Ganso!

Assim que a Viuvinha soube

do que dela se falara,

sua palrice não coube

nem na palra de uma Arara!

Pôs o bico no trombone,

qual Marreta-na-Bigorna,

numa fúria de ciclone

que espantou até Codorna!

A baderna foi ferrenha,

terrivelmente maldita:

quase a mata vira lenha

e as pedreiras viram brita!

Na confusão infernal,

desde Andorinha a Condor,

alguém lembrou-se afinal

de lhe ofertar uma flor!

Dessarte, a Viuvinha que era

braba com toda a certeza,

em respeito à primavera:

pediu vênia à natureza!

Dizem, com sabedoria,

existir ave que, então,

a partir daquele dia,

Beija-Flor por gratidão!

Genilton Vaillant de Sá
Enviado por Genilton Vaillant de Sá em 10/01/2013
Reeditado em 12/01/2013
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