TIROS EM GRAVIDEZ.

E de repente um encontro às escuras, num certo beco, perto de casa, fez com que gemesse um rebento no ventre daquela jovem. A família alvoroçava enquanto a sua barriga despontava. Ninguém sabia o que dizer aquela pobre moça sem moradia fixa, nem dinheiro tinha para algumas regalias. Deitada em sua cama, com a mão na barriga, lembrava dos funks no morro, das ervas entorno dos seus dias, dos beijos gulosos regados a cerveja, de luas tão novas quanto teus dias. Os dias correram sem grandes surpresas, só a certeza de mais uma história a ser repetida- a mãe sustentaria a criança com as forças que tivesse, sem a presença do pai, ocupado demais com o mundo e outras meninas-. Numa noite qualquer, televisão ligada, gente jogada na sala, as contas na mesa para pagar, a bolsa estourou molhando o sofá e a roupa, a criança gritou- A BOLSA ESTOUROU. No caminho do hospital, muita gente na rua se via, eram gritos, era sangue, era policia. E o que acontecia foi logo noticia de jornal: - O pai da menina foi caçado, morto a tiros, dizem que traficava ou era um bandido com a tua arma. Sangue quente escorreu na esquina, perto da boca onde vivia. Chegando no hospital, era um choro estranho, incabível pra alegria do momento, pois não se sabia se choravam pelo nascimento da menina ou pela morte de mais uma vida perdida. Enquanto banhavam a criança, retiravam da esquina aquele corpo estendido, policiais tentavam acalmar o pessoal curioso que chegavam para ver o que acontecia e de onde vinham os tiros. Nem a respiração de teu progenitor, ela conhecia. Tempos se passaram, mas se essa fosse a solução... o problema é que chegou perto daquela ainda jovem mulher, toda bonita, de sorriso largo, um homem que viria a ser seu amasiado ( daqueles que gostam de mandar no tamanho das saias, que odeiam decotes em tua mulher, que acreditam fielmente que cozinha é o lugar onde os seios devem estar encostados.) Um filho nela fez. E agora? Mal comiam três, comer quatro, como fazer? Nem uma maquina de lavar roupa usada de 200 reais puderam obter. Escola? Educação? Roupas? E onde é que essa história pode mudar? Ela se perpetuará?.

Mariana Maria
Enviado por Mariana Maria em 02/01/2013
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