Vida em solução de continuidade — CXXIII

Vida em solução de continuidade — CXXIII

07DEZEMBRO2012—SEXTA-FEIRA.

(continuação de 06de dezembro 2012).

Vida que segue

XV

“Se eu tivesse guardado iniquidade no meu coração, o Senhor não me teria ouvido” – (Salmo 66:18).

Anabela engolia em seco cada vez que achava ter encontrado uma forma de tripudiar do poder de raciocínio e de decisão de sua mãe, e aquela encontrava solução, que ao mesmo tempo que a liberava para estudar fora de casa, lhe coibia qualquer intenção de combinar estudo e namoro.

— Escuta, Jaques, agora você não entende, mas um dia ela também vai interferir em sua vida, embora você seja homem, ela vai tentar te prejudicar escolhendo ela mesma suas namoradas, e não você! Espera, e você vai ouvir ela dizer: “Essa é velha, essa é feia, essa é pobre”—, essa é qualquer coisa, menos alguém que sirva pra você, e nessa hora você vai lembrar de mim, e entender a minha infelicidade! — lamentava Anabela, de certa forma tentando conquistar a cumplicidade de Jaques.

— Anabela, minha irmã, eu sei que a mamãe não é fácil. Sei muito bem isso. Mas o que você fez está errado, não dá pra você enxergar isso? o que me admira é saber que você tão certinha, faz juízo de valor dos vizinhos e amigos, e acaba namorando um cara casado!

— Ah, Jaques, é você que não sabe o que é o amor. Nem gosto de falar sobre isso, pois não tem condições de saber.

— Amor, Anabela? amor não tem limites de idade, nem pra baixo nem pra cima; não me venha com essa história de que eu não entendo. O que estou dizendo é sobre respeito, sobre a sua moral, aquela que você fala tanto em casa: de nossos primos, lembra? o cara é casado e vai ver tem até filhos! é velho pra você. Já pensou nessas crianças vivendo sem pai? você não tem pena?

— Jaques, ele está se separando da mulher. — Diz irritada Anabela. — Os filhos são três, que ele não deixa faltar nada. Ele me disse que vai continuar a dar tudo, principalmente educação, aos filhos. Ah, você não sabe nada! — Finaliza Anabela, se sentindo confusa diante das repreensões do irmão, que continua:

— Anabela, sei que sou mais novo que você, e acho incrível eu enxergar o óbvio, enquanto você que é mais experiente agir como uma tonta! Acho mesmo que isso é vaidade, orgulho, egoísmo, mas é principalmente ignorância. Não sei ensinar, e se soubesse você não ia me escutar, então só posso fazer, pro seu próprio bem, o que a mamãe me disse pra fazer: se você se encontrar com ele, conto pra ela e pronto.

(Lere).

(continua amanhã,08dezembro2012—sábado).

Lere
Enviado por Lere em 07/12/2012
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