Altertrix #008: AVE MIGRATÓRIA


  Tal qual ave migratória,
  Tive que mudar dos ares
  Novos campos, bela história.

Às margens, da seca, as marcas,
Gado, roçado arrasado.
Morte, vinco registrado
Em todas paragens, comarcas.

Deslisando o tapetão
Asfáltico, céu, colares
De arrebóis e emoção.

Céu parcialmente nublado,
Do Ceará à Bahia,
Num belo e brilhante dia,
Fomos bem privilegiado,
Sol amigável, de lado,
Em cada canto, poesia.

Abasteci em Jacobina,
Firmes a seguir viagem,
Mesmo em baixo de neblina.

E um anjo, não foi visagem,
Um mensageiro do céu,
Falou-nos: “Não sigam ao léu!
Falo por camaradagem,
Busquem segura hospedagem
Lá em Morro do Chapéu.

Recado logo acolhido,
Lá na Pousada do Degas,
Bom sono bem merecido.

Punky, nossa fiel cadela,
No banco de trás, não piegas,
A dormir, mas não renega,
Curte bem sua cidadela.

No outro dia, pós café,
Pusemos o pé na estrada,
E haja chão! Haja fé!

Destroços, mais acidentes,
BR bem asfaltada,
Triste vida malfadada,
Dos dois lados, recorrentes.

Chão e mais chão avançamos,
Rumo ao Planalto, eiras e eiras,
De nossa terra alongamos.

Vales, serras altaneiras,
Chapada Diamantina,
De outras eras, farta mina,
Cruzando o rio em Barreiras,
Ponte ao céu, nuvens cimeiras,
Lindo visual se descortina.

Na divisa com Goiás,
Formosa dá boas-vindas,
Muito chão deixei pra trás.

Por fim, adentro Brasília,
Nossas tensões já são findas,
Sob chuvas quase infindas,
Até que enfim! Que alegria!

E a Deus muito agradecido,
Em meu lar sagrado ainda,
Sinto-me bem recebido.

 

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 29/11/2012
Reeditado em 12/06/2017
Código do texto: T4011809
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