Queiex #052: LONGEVO E SÓ NA MULTIDÃO

Queiex #052: LONGEVO E SÓ NA MULTIDÃO

Versometria: Decassílabos

Acentuação frasal: (4,6,10)

Estrofação: ([6]-[4.2]-[3.3]-[5.1]

Rimada: ABBAAB CDDC DC EFG GFE HIHIH I

Ao ritmo Parnasiano

Bosco Esmeraldo

…...

Muitos desejam ser longevo, e então

Passar dos cem, gozar, viver bastante

E desfrutar da vida, não obstante

Ser velho, triste, vida em solidão,

Contemporâneos mortos, há um tempão

E assim, isolado, murcho, tão inconstante.

…. ..

Procura amigos. Que vã tentativa!

Aos poucos se finando, vai...

Vai diminuindo o rol e assim se esvai,

Ficando só, pra trás, lembrança viva...

De olhar vazio, à espera, num entra e sai,

Busca, não encontra, paira, ação passiva.

… ...

“Alô! Severo está?” Procura um amigo.

“Infelizmente, não! Morreu faz tempo!”

Liga pro Anysio: “Nada! Já morreu!”

Vê sem esperança, viver feneceu.

Desce a ampulheta, vê-se em contratempo;

Sem mais amigos, Só e só consigo.

…. .

São gerações em choque que inconsciente,

Tanto se atritam, sem qualquer contorno;

Tão taciturno, mudo, inconfidente;

Qual vivo morto, com nenhum retorno.

Em lusco-fusco de estrela cadente.

“Quão mais longevo sou, tão só em meu entorno”.

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A desvantagem de ser longevo é sentir solidão em paradoxal multidão.

Vive um drama, em constante choque de gerações.

Só na lista do obituário é que encontra as pessoas que tem buscado e quem supostamente o entenderiam.

A imagem de sua amada que há muito se foi ainda guarda viva em sua lembrança...

A triste realidade de uma intensa solidão em relação aos amigos contemporâneos que se vão a cada instante.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 06/06/2012
Reeditado em 06/06/2012
Código do texto: T3709185
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