Queiex Esmeraldinus #025: ALERGIA AO SILÊNCIO
Queiex Esmeraldinus #025: ALERGIA AO SILÊNCIO
Estrofação: ([6]-[4.2]-[3.3]-[5.1]
Versometria: Decassílabos
Rimada: ABBAAB CDDC DC EFG GFE HIHIHi I
Ao ritmo Parnasiano
BOSCO ESMERALDO
Ó silêncio, bendito e desejado,
Que tanto inspiras e tanto acalmas!
Se eu pudesse, dar-te-ia infindas palmas.
Tu que, dos outros, és tão solicitado,
Por qual razão, pra mim, tão barulhado,
Se aos outros tu sossegas suas almas?
Ó como eu gostaria te desfrutar!
Mas, sempre que tu vens, em estilo e trilos,
Tocando bem alto minha a orquestra de grilos
Em meus ouvidos com seu cricrilar.
Milhares cricris; vários tons e estilos;
Faz-me, ó silêncio, me desencantar.
De ti, embora eu goste, me afastar
É preciso. Ruído até me faz bem;
Abafa meus grilos e descanso.
Mas de ti, sou alérgico e me canso,
És uma grande bênção, mas também
Pra mim podes me desgastar.
Enquanto o povo, tanto te deseja
Com paradoxal grito ou alarido,
De ti, declino, mas meu ser te almeja.
Às minhas oiças. Trazes tu prurido,
Em qualquer tempo ou lugar que eu esteja.
A ti alérgico sou, por trilar- me o ouvido.
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Trilar = mus. V.t. trinar, repicar, produzir trilos, trinados, rufos, rufar.
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