Decatos Tetraectos #028: FALANDO ATRAVÉS DO VENTO
Conta-se, certo orador
E seus dias, os primeiros,
Queria ser qual obreiros
Da Palavra, um pregador.
Preparar-se então queria,
Pois não sabia empregar
Os termos e entregar
A Palavra com ousadia,
Com firmeza e gabardia,
Queria o Evangelho pregar.
Com a Bíblia entrou no mato,
E perguntou: "Você veio?"
"Vim-vim!", cantou sem rodeio
O vem-vem, do anonimato.
"Creu você, de imediato?
"Cri-cri", o grilo aqui veio.
"Bem sei que prego a Verdade!",
"Bem-te-vi!", cantou ligeiro,
"Cristo é vivo e verdadeiro,
Príncipe, Pai da Eternidade,
Salvador, que amou primeiro."
"Redentor, fiel conselheiro,
Por amar-nos se nos doou,
Os pecados perdoou
Da vida, fiel dispenseiro.
"É também Maravilhoso,
É Deus Forte, é Deus conosco,
Ama o íntegro, ama ao tosco,
O Seu amor esplendoroso,
Incondicional, glorioso
É translúcido, não é fosco.
Pregava ao vento o bom moço,
Crendo enfim no que dizia,
Vazia não voltaria
Sua Palavra, sem alvoroço.
Pregou bem, com muito esmero,
De alguém escutar, a esperança.
Ter em Jesus confiança:
"Aceita alguém, Cristo? Espero!"
"Quero!", gritou forte o quero-quero.
"Quer na vida real mudança?"
Um farfalhar, ao redor,
Do mato gente a sair,
Mãos ao alto, a pedir
Oração em derredor.
Escondidos, ali estavam,
Pra uma peça pregar
E ao pregador indagar.
Mas com aquilo não contavam.
O Evangelho aceitavam,
E em suas vidas a empregar.
Lança chorando a semente,
Com lagrimas ou dores, semeia
Porque o que agora pranteia
Colherá abundantemente.
A Palavra tem poder,
Ela não é utopia,
Pra tudo tem serventia,
Você vai compreender.
Com frutos vai-te responder,
Pois nunca volta vazia.