Decatos Tetraectos #013: QUALQUER UM, UM DIA, CHEGA À IDADE DO ESQUECI
Rimada ABBA CDDCCD
Decatos tetraectos (quartetos e sextetos intercalados)
Quando era menino eu tinha
Uma memória fotográfica,
Uma dádiva holográfica
Para a satisfação minha.
Uma lírica e bela prosa,
Um texto bem elaborado,
Estiloso, requintado
De uma mente prodigiosa,
De se ler é bem gostosa,
Poema bem trabalhado.
A gente chega a certo ponto
Que pensa bem ser o tal.
Que nada nunca faz mal.
Sai na boa, em contraponto.
Mas, muitos de nós não investem.
Em saúde, a longo prazo.
Nem a médio (que descaso!),
De desculpas se revestem,
No final, do mal se vestem,
Vão-se afogando no raso.
Tenho estado um tanto ausente,
Meditando, refletindo,
Em tudo que estou sentindo,
No pensamento presente.
Um balanço tenho feito
Do que já fiz, o que presta,
Desgastando alguma aresta,,
Perfazendo com efeito,
Se fiz bemfeito ou malfeito,
No saldo que ainda me resta.
A fase do esquecimento
Pegou-me assim, de surpresa,
A esquecer, mente presa,
É da vida o cumprimento.
A gente se sente pega.
De repente, envelheci
Custou, mas reconheci
Essa pegadinha grega,
Qualquer um, um dia, chega
À idade do esqueci.