Cordel #079: DESABAFOS DE UM CORRUPTO INCORRUPTO

Sou o callichirus major <--- (pron. “kalíkirus maiór”)

Sou do reino animália

Põem-me na marginália

E ao ridículo o que é pior,

Me desprezam, na maior.

Atropoda é o meu filo,

Crustácea, o subfilo,

Decápoda minha ordem,

Thalassinidea infraordem,

Melacostraca classe e estilo.

Como veem, que beleza,

Não sou um qualquer, seu moço,

Na lama ou fundo do poço.

Com linhagem e realeza,

Faço parte da nobreza.

Nobreza que Deus criou,

Detalhes de mim, quem sou,

Merecia mais respeito,

Me achincalhar desse jeito,

Por que assim me apelidou?

É certo que vivo na lama,

Nela fiz meu buraco,

Meu lar, também meu “barraco”,

Eu não preciso de fama,

Mas cá deito em minha cama.

Ninguém nunca defraudei,

Nunca o erário desfalquei,

Cuido do ecossistema,

Sem me sujar com o “sistema”,

Sou limpo e sempre serei.

Mas que absurda homenagem

Dos biólogos ganhamos

Nome que nós detestamos!

Como tiveram coragem?

Destruíram nossa imagem.

Deviam pra sua família

Ou a quem a eles se filia.

Eu sou um ser incorrupto,

Não um político corrupto

Que do bem se desfilia.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 26/10/2011
Reeditado em 31/10/2011
Código do texto: T3298451
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