Cordel #070: MEU CONCEITO DE BELEZA - Dueto com Fábio Brandão
Cordel #070: MEU CONCEITO DE BELEZA
BOSCO ESMERALDO FÁBIO BRANDÃO
Como é triste o preconceito! O admirar a beleza
Que burrice instituída! Não tem nada de errado,
Se vem de gente instruída, Nem é nenhum grande pecado.
É um grosseiro defeito, Não se perde a macheza,
Pensar assim desse jeito. Nem caráter ou nobreza,
Não vai deixar de ser homem Muito menos traz conflito
E nem virar lobisomem, Por certo não acredito
Quem outro homem achar Que ainda exista gente
Bonito, sem se escrachar. Que possa achar indecente
Que esses vergonha tomem. Homem achar o outro bonito
Se eu admiro a beleza Quem de Verdade se garante
Da mulher é natural, De nada precisa temer
Mas não vejo qualquer mal Ou por bobagem vir a perecer.
Se, mesmo com sutileza, Homem que é confiante
Fizer essa gentileza. Não se abala um instante.
E, no sentido estrito, Beleza foi por Deus criada,
Sem preconceito restrito, Não faz mal ser admirada.
Me expressar publicamente, Admiração não tem sexo,
Não seja otário ou demente. Confundir é um desconexo,
Pode achar homem bonito. E julgar é grande burrada.
Só não vale suspirar É preciso de vez entender,
Ficar gemendo pros cantos, E a mente fechada abrir,
E até chegar aos prantos, Uma nova visão adquirir.
Porque assim vão duvidar, Seu coração vai compreender,
E não vão lhe respeitar. Tudo vai se desprender.
Mas verdade seja dita, Esqueça o preconceito,
Sem temer língua maldita, Tente ver de outro jeito.
O belo é pra ser louvado; Admiração vem da alma,
Feio é mesmo o cão danado, os dar a paz que nos acalma,
Seja a beleza bendita. Nos aproxima do perfeito.
O belo pra mim é desenho, Levanto esta bandeira
Quer de gente ou de paisagem, De o livre admirar.
Um bom lance, de passagem, Não vou me preocupar
Aprecio, não desdenho; Com nenhuma barreira
Mãos aos traços, desempenho. Imposta por besteira.
Real e não carbonário A vida é curta demais,
De um fato extraordinário Xô falsas convenções morais.
Risco o lírico poético, Deus quer espírito puro,
Em curvas de traço ético, Não conceito imaturo,
Das linhas do imaginário. Ou excesso de regras formais