Cordel #060: ACABOU-SE O SOSSEGO DA VILA DE MISSÃO NOVA
Nessa vila onde eu nasci
Um lugar belo demais
Há sessenta anos atrás,
Foi ali que adolesci
E em parte, também cresci.
Minhas raízes como prova
Todo o mundo lá comprova
Provei do fel e ofego
Acabou-se o sossego
Da vila de Missão Nova.
Nada havia de pior
Do que isso ouvir, todavia
Furava minha alegria
Piava que nem curió
Choro preso no gogó.
Qual cachorro em lua nova,
Jacaroa na desova
Sangue ferve e renego.
Acabou-se o sossego
Da vila de Missão Nova.
Durante o tempo das aulas
Eu estudava em Barbalha
Era sempre uma batalha
Amargava as coisas maulas
Qual nas abelhas os braulas
E, como livrar-se da cova,
Minha alegria renova,
Férias o meu aconchego.
Acabou-se o sossego
Da vila de Missão Nova.
De tudo eu fiz pra ganhar
Deles a mínima afeição,
Ou talvez sua atenção,
Gostavam de me alcunhar
E de me ver apanhar.
Queixa de mim, como trova,
Falseavam qualquer prova
Só pra eu pedir arrego.
Acabou-se o sossego
Da vila de Missão Nova.
Passou o tempo, vida inglória,
Todo o mal também passou,
E tudo se transformou;
Em Cristo em tive vitória,
E a Ele dou toda a glória.
Tudo em mim Ele renova,
O bem de bônus prorroga,
Não mais ouvindo fui pego:
Acabou-se o sossego
Da vila de Missão Nova.