Conto Nublar #027: LAITE, A ABELHINHA PRÓ-ATIVA

Conto infanto-juvenil

Seria uma colmeia como outra qualquer, não fosse a existência de Laite, uma abelhinha operária que sonhava fazer algo diferente. Algo que tornasse celebre o seu cortiço, e que fizesse a sua rainha muito feliz.

Sempre que voava com o seu enxame, ficava à cata de algo novo que pudesse induzi-la à façanha que tanto ansiava um dia executar. Ver não era problema para ela, pois sua quíntupla visão, dotada de cinco olhos, a fazia enxergar de muito longe com bastante precisão. Cada dia ela acompanha o seu enxame em busca do néctar, matéria-prima para a produção do mel. Por isso elas são chamadas de Ápis Melíferas. Além de nobre, esta tarefa era por demais divertida. Uma aventura imperdível. Já pensou? Voar por sobre relvas, prados verdejantes, pomares e florestas explodindo em belas e perfumosas flores? Antes de ser uma rotina ou trabalho, era uma tarefa prazerosa. Uma rotina de, pelo menos, quarenta viagens ida e volta para coleta da matéria-prima. Cada abelha coletava néctar de mais de quarenta mil flores. Já pensou que fantástico?

A líder do enxame soubera de um floramento muito importante. Então fomos nós, em busca de néctar e de pólen nessa vasta florescência. Somos muito felizes em sermos duplamente úteis. Além de produzirmos mel de puríssima qualidade, dosando-o com própole, matéria resinosa e aromática por nós segregada para calafetar os cortiços, mas também de grandes poderes curativos medicinais, ainda polinizamos as flores, dando uma de cupido das plantas, pois sem nós (sem soberba alguma), dificilmente existiriam os frutos.

Naquele dia, a florada estava localizada próximo ao um consultório médico. O doutor era especialistas em doenças do metabolismo. Um senhor insistia em fazer uso do nosso mel. O médico retrucava, dizendo que não, pois o mel de abelhas é tão prejudicial para a diabetes quanto o açúcar normal e o mel de cana. Pois ele produzia insulina insuficientemente para quebrar a molécula do açúcar para que o seu organismo pudesse metabolizar o mel, sem prejuízo para a sua saúde.

Aquilo despertou a curiosidade de Laite. Era isso! Eureca! Só teria que achar uma planta rica em insulina para que ela e seu enxame colhessem o néctar para que seu cortiço passasse para a história como a primeira colmeia a produzir um açúcar laite natural. Só teria de descobrir onde poderia encontrar essa florada. Antina, uma formiga, falou para ela que, embora todo o formigueiro se alimentasse basicamente de açúcar, não havia um registro sequer de algum diabético. Disse ainda, que o segredo do seu formigueiro era o costume de comerem também folhas de uma ramagem conhecida como insulina.

É isso! Exato o que ela queria para realizar o seu sonho. Conseguiu convencer a capitã do enxame para que sobrevoassem o campo de insulina par estudarem a possibilidade de colherem o pólen daquela região. Antina falara que o campo de insulina ficava a nor-noroeste, a exatamente a 45° do norte.

Saíram da colmeia às 5h 30min, ao aparecimento dos primeiros raios do arrebol. Depois de vinte e cinco minutos de voo, chegaram ao local. Nada de pólen, nada de flores. Era apenas um outeiro recoberto de uma imensa ramagem verdejante. E agora? Como alcançar o meu ideal e realizar o meu sonho?

Laite não desistiu e, enquanto não conseguia o seu objetivo, continuava fazendo o que podia para que o seu cortiço se mantivesse o melhor da colmeia.

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 03/06/2011
Reeditado em 10/04/2013
Código do texto: T3011073
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