Conto Nublar #023: LENO E OS CINCO SENTIDOS – Parte 3/3

Continuação do episódio anterior - EPÍLOGO

[…]

- Mas Senhor! Eu estou-me sentindo um vegetal!

- Mas foi exatamente isso o que você me pediu. Eu o criei para ser um ser ativo, criativo, meu colaborador na administração e conservação de minha criação. Os vegetais não precisam se preocupar com nada. Eu mesmo cuido deles nas suas mínimas necessidades. Assim cuidarei de você, enquanto for um vegetal.

- Senhor! Por favor!, perdoa-me! Sei que agi de forma infantil, egoísta e leviana. Arrependo-me profundamente e te imploro que me faças voltar à normalidade. Prometo que serei um novo Leno! Em nome de Jesus! Amém!

- Certamente devolverei a você tudo o que havia tirado, mas nunca se esqueça desta lição. Mas, o trato foi de 24 horas. Agora são 8 e meia da noite. Ainda falta muito tempo. Durma bem e amanhã, quando você acordar terá tudo voltado ao normal.

Leno consentiu com tudo o que o Senhor lhe falara e adormeceu profundamente. Acordou exatamente às 6 e meia da manhã, com a bexiga em tempo de estourar, com tudo ativamente em ordem, com uma forte TDM e uma vontade intensa de urinar. Corre para o vaso, mas antes levanta a tampa do assento do vaso sanitário, retrocede o capuz, desgruda o meato para não esguichar para onde não deve, tudo isso para não desagradar a esposa. Esta, ao perceber que o esposo está no toalete, grita lá da cama:

- “Meu bem! Levanta a tampa e dirige bem essa geringonça aí pra não molhar o assento.” Ele pensa: “Ah, meu Deus! Todas as manhãs essa mesma ladainha!”. Mas responde calmamente: “Está bem, querida! Já providenciei isso”.

Depois, toma um bom banho e faz toda sua higiene pessoal. Enquanto se banha, lembra-se do dia anterior, se auto examina e vê que as coisas estão nos seus devidos lugares e que tudo voltara à normalidade. E vibra: “Uh! Uh! Glória a Deus!”, deixando a esposa curiosa, mas nada disse a ela do que experimentara. Queria demonstrar essa mudança com atos. Foi à cozinha e fez café com tapiocas bem fresquinhas. Quando terminava de pôr a mesa, ouve a Lenita gritar do toalete: “Que droga, Leno! Você nunca aprende! Esqueceu de novo a tampa do vaso levantada!” Reclama mal humorada de lá!

Mas ele não se dá por vencido e responde calmamente à esposa: “Tudo bem, querida! Da próxima vez terei mais cuidado. Venha tomar o seu café com tapiocas que acabei de preparar”.

Ela vem, nem agradece e ainda fica se lastimando: “Você nunca aprende mesmo, né? O que seria de você sem mim? Todos os dias é sempre a mesma coisa!” E ele não releva aquilo. “Deve está de TPM!”, pensa. “E eu que nunca reclamo dos respingos de urina ou da ducha no assento que ela sempre deixa e, quando noto, já era, pois me sentei em cima. Fazer o quê? Ela se acha sempre cheia de razão. É a vida!”

Alelos Esmeraldinus
Enviado por Alelos Esmeraldinus em 12/01/2011
Reeditado em 10/04/2013
Código do texto: T2723714
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